é de ferro disse meu avô também o cravo
e também o prego e também é pouco
todo perigo e meu pai falou um cego
faz olho no arame e outro passa rente
da farpa fria e foi vazado e é vazio
o prato do pobre então eu disse a fome
é um artigo triste é ferrugem eu disse
e foi-se toda posse aí disse meu avô
repousa nesta quebra um finado osso
do morto que morreu fulano sua ferida
será do ferro ou foi da vida aí meu pai
falou foi queda este defunto aquece
o aço e reza o morte e todo ferro
terá risco e depois corte e meu avô
disse da carne é fio que apodrece
ô fibra que já fede ô coita que se tece
e eu o que falei aqui a alma cede
repousa nesta quebra um finado osso
do morto que morreu fulano sua ferida
será do ferro ou foi da vida aí meu pai
falou foi queda este defunto aquece
o aço e reza o morte e todo ferro
terá risco e depois corte e meu avô
disse da carne é fio que apodrece
ô fibra que já fede ô coita que se tece
e eu o que falei aqui a alma cede
[ da série Ferro in Ferro & Carcoma, inédito ]
Mário Luis de Souza Lopes, ou simplesmente Souzalopes, nasceu em Itajuípe, BA. Advogado, publicou, entre outros, o livro de poesia Todo Fogo.
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