Definição

... da totalidade das coisas e dos seres, do total das coisas e dos seres, do que é objeto de todo o discurso, da totalidade das coisas concretas ou abstratas, sem faltar nenhuma, de todos os atributos e qualidades, de todas as pessoas, de todo mundo, do que é importante, do que é essencial, do que realmente conta...
Em associação com Casa Pyndahýba Editora
Ano VI Número 63 - Março 2014

Showing posts with label Poesias. Show all posts
Showing posts with label Poesias. Show all posts

Poesia - Arnaldo Xavier

Oriki de Xangô ~ by Júlia
subsenhor               Sol lhes sombras      ferramentas de esculpir
escuridão   paradoxal luz       lua bala prateada nó coração da noite
O horizontal jamais se deitará com o vertical        Porque do animal
singularíssimo que és    não sairás

[ in Lud-Lud, Casa Pyndahýba Editora, São Paulo, 1998 ]

Poesia - Aristides Klafke

Nobody (Polaroid) ~ Andrea Tonellotto
22

Se de poesia um dia padeci
(morrer por ela eu era capaz)
é porque em mim
ela, excelsa, acesa, excitava
era vício tenaz
Vírus vital que fazia a cabeça

Queimava ruidosa por dentro
Florescia na pele
Palpitava nos olhos
Comprazia a volúpia
Esporeava os sentidos

Mas um dia virou cinza
Vertigem, claridade devastada
Desapareceu do mapa
Tomou chá de sumiço

Outro dia, como se do nada
Ressurgiu enxugada
Altiva e rosada
Renovada
Verve atiçada
Vasta e robusta
Me busca
Onde quer que eu me ache
E brusca
Com cara de santa
Diz que padece de mim
Que é toda minha
“Leve-me contigo! Leve-me contigo!”
Quer vir comigo
Onde quer que (eu)
Vamos

[ in Quebrada, inédito ]

Poesia - Plínio de Aguiar

Enterro ~ ilustração contida na primeira edição de "Vida e Morte Severina",
de João Cabral de Melo Neto, editada pelo autor.
O Enterro De Pai

Os cantos dos pássaros passam.

Às quatro horas em ponto fecharam
O caixão do morto.
Os presentes acompanharam-no
Até à cova. Naturalmente.
Não houve qualquer questionamento
Porque exatamente às quatro horas em ponto
Eliminou-se a imagem do morto.

Os domingos com chuva também passam.

[ in Buraco na Meia, Rio de Janeiro, Booklink, 2009]

Poesia - Dorival Fontana

Andy Dick, oil on bord - 11x14 ~ by Chet Zar
Solidão

Pelas lágrimas
frias ou cálidas
transborda a alma.
A distância é cada vez
maior num abraço.
Mãos trêmulas
afagam cabelos,
manipulam cérebros,
manipulam membros.
Todo amor que resta
no singelo contato
de um beijo,
morre sem abrigo
sentado no banheiro.

Poesia - José Carlos de Souza

La Condition Humaine, 1933, Oil on canvas ~ by Rene Magritte
Janela

janela
mobile retrátil
suporte
de efêmeras imagens
encarte
de supostos poemas
suspensos
em lâminas metálicas

enquadrando a paisagem
que se move
em ritmos variados
/diluindo verdades/
incorporando a visão
das mais distintas linguagens.

Poesia - Marina Alexiou

Ritratto di Laura Battiferri ~ by Agnolo Bronzino, c.1555-60
Imagen enviada pela autora
O seu olhar precisa ser frio como lâmina
a cortar os ventos fragorosos da intempérie
que são os seus pensamentos.
O devaneio, objetivo.
Decisivo.
O véu que cobre este rosto sereno de marfim
adorna o céu plúmbeo de um futuro
que lhe é desconhecido,
por estar envolto em mistérios que
seus delgados dedos não desvendarão.
Seus olhos, no entanto,
descansam entre promessas, memórias e lembranças.
luminosas como a sua efígie,
a predizer o encontro com a altiva imagem saturnal...
O sorriso virá, assim que ela acordar das reflexões
e captar o momento para além
da inexistente certeza expressa em seu semblante.
Bela como sempre, ela surgirá com esperada doçura
e abordará o destino,
Com a coragem dos nobres do espírito e do tempo.

Poesia - Rafael Moralez


Poesia - Arnaldo Xavier

Trafalgar Square, 1939-43 ~ Piet Mondrian

subsenhor            Sol lhes sombras      ferramentas de esculpir
escuridão   paradoxal luz    lua bala prateada nó coração da noite
O horizontal jamais se deitará com o vertical     Porque do animal
singularíssimo que és       não sairás

[ in Lud-Lud, Casa Pyndahýba Editora, São Paulo, 1998 ]

Poesia - Aristides Klafke

Tank Human Heart ~ Andy Council
12

Num forno
Meu coração
De barro
- que pão!
               Meu quente coração
Meu coração
Numa cascata
De sangue
- que vinho!
               Meu sedento coração
Meu coração
Na tua mão
Meu amor
- que corte!
               Meu cicatrizado coração

[ in Quebrada, inédito ]

Poesia - Plínio de Aguiar

Divine Source - Fire ~  Alex Florschutz
Como Amei Você Minha Menina Na Surdina
da Aleivosia Montada no Segredo


hotel de sangue
hímen andróide Blade Runner,
unha de veludo.

o jornal morreu sobre o lençol
manchado
o gerente agarrou o cheque.

[in Lira Rústica, Booklink, 2005]

Poesia - Hamilton Faria

Masks ~ Kathryn Renee
Máscara


Dá-me uma máscara, Pai,
Para suportar a dor do humano
E ainda rir por trás dos panos

Poesia - Dorival Fontana

Autumn Abandonment ~ photo by Bethany Helzer
Quintais

A casa continua viva,
na rua desabitada
sem número.
As paredes rústicas
cercam sonhos,
assentam tijolos nus.
A escada antiga
descende melancolia,
já não conduz.
Varal hasteando farrapos
goteja ferrugem
no chão de cimento cru.
Aranhas de jardim
tecem vagarosos fios
entre solitários canteiros.
A panela suspira aroma caseiro,
sons em preto em branco,
o bairro de uma rua só.
A mobília respira poeira,
o mofo nas veias...
pulsa coração de tábuas e areia.
Nas fissuras do passeio
formigas transitam invisíveis...
todas pelo formigueiro.
As crianças correm pela casa,
o menino chuta a bola,
o cachorro atrás do rabo.
Do assoalho rosa peroba
passos risos vozes
ecoam a lembrança.
A janela espia a rua.
A mãe espreita os filhos.
Deus vigia a todos.

Poesia - Pedro Du Bois

Contemner ~ Jeff Christensen
Conviver

Convivo na desconfiança
de ser espionado
sem motivo aparente

ser vigiado diariamente
sem motivo aparente
ser preso diariamente
sem qualquer motivo

na ideia de ser denunciado
pronunciado
tipificado
sentenciado
(todos os dias)
sem aparentar motivos

convivo na prestação da pena
aparente em que desconfio
de cada dia atípico.

Poesia - Marina Alexiou

Sleeping Hermaphroditus
Imagen enviada pela autora
Narciso Hermafrodita

O que se segue é indefinido pelas ondas
num sono profundo do ser
que se sonha no giro do caleidoscópio
que é o seu coração.
Quem poderá pressentir os habitantes
dessa dupla dimensão imersa em seu íntimo?
O sorriso em seus lábios juvenis
é indício de uma experiência de entregas e dúvidas
inúmeras vezes revivida,
enquanto seus olhos miram esse horizonte
encoberto e sem sol.
É terno este ser viajante do não-ser.
Sua silhueta é breve, como breves são
os momentos de vigília.
Qual um Narciso, dorme mirando o fundo
do lago da sua essência primaveril.
Que logo alcançará o outono das folhas
do prazer.
Que caem copiosamente,
através das lágrimas do seu despertar.

Poesia - Eduardo Miranda


necr(o)-

mulher pálida
sobre pedra gélida
friíssimas – mulher e pedra

homem apático
prostrado frente à pedra
duríssimos – membro, mulher e pedra

e mesmo já morta – ela –
atrás das cortinas fúnebres
seu necrofastígio – (d)ele –
se esmoece em gestos vazios
conforme a melodia.

Poesia - Arnaldo Xavier

Abstract Bird, by Aneliya Nedyalkova
subsenhor                        Chispássaro solidão revestida de prata      grito
ensurdecedor           Ave      explode inescutável   Vespânico ventre luzia
canto saído pela culatra

[ in Lud-Lud, Casa Pyndahýba Editora, São Paulo, 1998 ]

Poesia - Aristides Klafke

São Paulo Neo Noir ~ Jorge Sato
62

Jogo xadrez com uma máscara de vidro
Deus é um peixe ofegante na pia
Acendo e apago o fogo no fogão

Um pavão depenado passeia na mente
Escalo as paredes qual um demente
Everestes deslumbrantes
Crescem por todos os lados

Inexorável, a máscara me encurrala...

Golpeado, rogo clemência...

Na pia, Deus, que é um peixe ofegante
Ofega um assobio

Boto a bunda na cadeira, trinco os lábios levemente
Boto os pés na mesa, suspiro velhos amores
Os cotovelos os mantenho à altura do umbigo
Encho um cálice de fé no futuro da humanidade
Desenho no ar uma frase hedionda (bem cretina)
Abro a porta para entrar um pouco de vento
Escancaro as janelas, jogo fora assédios, desavenças
A cidade fede fezes, parece que vai chover

Meu corpo pede azeite
Unto meu corpo de azeite –que deleite!
Bate forte o desejo de pôr fim
Ao consumo poético de doces e salgados
Tanta porcaria consumida, tanta consumada
Tanta música estridente, tanta fala furada

Incandescente, acendo e apago
O fogo no fogão
Tenho a boca empanturrada de indecência
Acendo e apago
(num fluxo flamejante)
O fogo no fogão

A máscara deliberante
Sussurra xeque-mate... e pronto!
De longe, de fogos ou de trovão
Me chega o eco de um estrondo

Quando dispara arrebatado
Em ritmo radiante
Meu coração gaiatado

E Deus continua assobiando na pia

[ in Quebrada, inédito ]

Poesia - Plínio de Aguiar

"mundo el revés" el hombre gris 2012 ~ Cayetano Ferrández
De Pessoa à Rua

na rua mexicana
el criollo chupa laranja
     muito de metafísica
     em cada chupada

na rua mexicana
el iáqui vende pepitas
     muito de pessoa
     em cada mão ancestral

na rua mexicana
nadie come chocolate
     muito de silêncio
     em cada hóstia nixtamal

Na rua mexicana
um hombre caminha real
     muito de gringo
     en sus piernas not at all

[in Lira Rústica, Booklink, 2005]

Poesia - Dorival Fontana

The small islands of the great boredom, 2007
Agim Meta
Cotidiano

Um dia abstrato.
O outro concreto.
Um dia contido.
O outro poeta.
Um dia bêbado.
O outro ressaca.
Um dia sóbrio.
No outro cachaça.
Um dia sonho.
O outro renúncia.
Um dia choro.
No outro quase sorriso.
Um dia certeza.
No outro decepção.
Um dia entrega.
No outro abnegação.
Um dia amor.
O outro ódio.
Um dia Eu.
No outro rótulo.
Um dia blasfêmia.
O outro prece.
Um dia juras.
No outro renegas.
Um dia pecado.
O outro absolvição.
Um dia culpa.
No outro autocondenação.
Um dia vício.
O outro virtude.
Um dia prossegue.
No outro regride.
Um dia invade.
O outro passiva.
Um dia infarta.
No outro revive.
Um dia arroz.
O outro feijão.
Um dia dieta.
No outro inanição.
Um dia verso.
O outro prosa.
Um dia se cala.
No outro se morre.
Um dia prótese.
O outro transplante.
Um dia ereto.
No outro nem tanto.
Um dia incerto.
O outro convicto.
Um dia perfeito.
No outro equívoco.
Um dia encontro.
O outro fuga.
Um dia silêncio.
No outro falta de assunto.
Um dia...

Poesia - Eduardo Miranda

Patricia A. Smith - "The Royal Treatment" 22" x 34" Acrylic on Bamboo Mat

Mandou eu me aprumar e tomar o meu rumo,
Mandou eu apagar o cigarro que eu nem fumo,
Mandou eu voltar sem saber se eu estava indo,
E assim que ele chega, os outros estão saindo.
Não viu e nem ouviu, não sabe quem foi,
Não conhece ninguém mas quer nomear o boi,
Olha para o lado e aponta o dedo sorrindo,
Não fede nem cheira, mas vive se exibindo.
Tem o carro mais bacana, a mulher a mais gostosa,
O dinheiro mais limpo, a merda mais cheirosa,
Tem o espelho quebrado e se considera o mais lindo,
Nunca é convidado mas se acha bem-vindo.
Não lhe dirigem a palavra mas quer puxar assunto,
Não sabe quem morreu mas quer velar o defunto,
Diz que já fez, que já leu, conhece tudo e tal,
Nunca lê um livro até o fim, mas sempre fala mal.
Em sua realidade deturpada, vive desconectado,
Preste atenção Fulano, que vou lhe dar um recado:
Antes de você despertar desse seu eterno domingo,
Antes mesmo de chegar, considere-se mal-vindo.

Findo.

Autores

Ademir Demarchi Adriana Pessolato Adília Lopes Afobório Agustín Ubeda Alan Kenny Alberto Bresciani Alberto da Cunha Melo Aldo Votto Alejandra Pizarnik Alessandro Miranda Alexei Bueno Alexis Pomerantzeff Ali Ahmad Said Asbar Almandrade Alyssa Monks Amadeu Ferreira Ana Cristina Cesar Ana Paula Guimarães Andrew Simpson Anthony Thwaite Antonio Brasileiro Antonio Cisneros Antonio Gamoneda Antonio Romane António Nobre Ari Candido Fernandes Ari Cândido Aristides Klafke Arnaldo Xavier Atsuro Riley Aurélio de Oliveira Banksy Bertolt Brecht Bo Mathorne Bob Dylan Bruno Tolentino Calabrone Camila Alencar Carey Clarke Carla Andrade Carlos Barbosa Carlos Bonfá Carlos Drummond de Andrade Carlos Eugênio Junqueira Ayres Carlos Pena Filho Carol Ann Duffy Carolyn Crawford Cassiano Ricardo Cecília Meireles Celso de Alencar Cesar Cruz Charles Bukowski Chico Buarque de Hollanda Chico Buarque de Hollanda and Paulo Pontes Claudia Roquette-Pinto Constantine Cavafy Conteúdos Cornelius Eady Cruz e Souza Cyro de Mattos Cândido Rolim Dantas Mota David Butler Denise Freitas Desmond O’Grady Dimitris Lyacos Dino Valls Dom e Ravel Donald Teskey Donizete Galvão Donna Acheson-Juillet Dorival Fontana Dylan Thomas Décio Pignatari Edgar Allan Poe Edson Bueno de Camargo Eduardo Miranda Eduardo Sarno Eduvier Fuentes Fernández Elaine Garvey Elizabeth Bishop Enio Squeff Ernest Descals Eugénio de Andrade Evgen Bavcar Fernando Pessoa Fernando Portela Ferreira Gullar Firmino Rocha Francisco Niebro George Callaghan George Garrett Gey Espinheira Gherashim Luca Gil Scott-Heron Gilberto Nable Glauco Vilas Boas Gonçalves Dias Grant Wood Gregório de Matos Guilherme de Almeida Hamilton Faria Henri Matisse Henrique Augusto Chaudon Henry Vaughan Hilda Hilst Hughie O'Donoghue Husam Rabahia Ian Iqbal Rashid Ingeborg Bachmann Issa Touma Italo Ramos Itamar Assumpção Iulian Boldea Ivan Donn Carswell Ivan Justen Santana Ivan Titor Ivana Arruda Leite Izacyl Guimarães Ferreira Jacek Yerka Jack Butler Yeats Jackson Pollock Jacob Pinheiro Goldberg Jacques Roumain James Joyce James Merril James Wright Jan Nepomuk Neruda Jason Yarmosky Jeanette Rozsas Jim McDonald Joan Maragall i Gorina Joaquim Cardozo Joe Fenton John Doherty John Steuart Curry John Updike John Yeats Josep Daústin José Carlos de Souza José Geraldo de Barros Martins José Inácio Vieira de Melo José Miranda Filho José Paulo Paes José Ricardo Nunes José Saramago José de Almada-Negreiros João Cabral de Melo Neto João Guimarães Rosa João Werner Junqueira Ayres Kerry Shawn Keys Konstanty Ildefons Galczynski Kurt Weill Leonardo André Elwing Goldberg Lluís Llach I Grande Lou Reed Luis Serguilha Luiz Otávio Oliani Luiz Roberto Guedes Luther Lebtag Léon Laleau Lêdo Ivo Magnhild Opdol Manoel de Barros Marco Rheis Marcos Rey Mari Khnkoyan Maria do Rosário Pedreira Marina Abramović Marina Alexiou Mario Benedetti Mario Quintana Mariângela de Almeida Marly Agostini Franzin Marta Penter Marçal Aquino Masaoka Shiki Maser Matilde Damele Matthias Johannessen Michael Palmer Miguel Torga Mira Schendel Moacir Amâncio Mr. Mead Murilo Carvalho Murilo Mendes Márcio-André Mário Chamie Mário Faustino Mário de Andrade Mário de Sá-Carneiro Nadir Afonso Nuala Ní Chonchuír Nuala Ní Dhomhnaill Nâzım Hikmet Odd Nerdrum Orides Fontela Orlando Gibbons Orlando Teruz Oscar Niemeyer Osip Mandelstam Oswald de Andrade Pablo Neruda Pablo Picasso Patativa do Assaré Paul Funge Paul Henry Paulo Afonso da Silva Pinto Paulo Cancela de Abreu Paulo Henriques Britto Paulo Leminski Pedro Du Bois Pedro Lemebel Pete Doherty Petya Stoykova Dubarova Pink Floyd Plínio de Aguiar Pádraig Mac Piarais Qi Baishi Rafael Mantovani Ragnar Lagerbald Raquel Naveira Raul Bopp Regina Alonso Renato Borgomoni Renato Rezende Renato de Almeida Martins Ricardo Portugal Ricardo Primo Portugal Ronald Augusto Roniwalter Jatobá Rowena Dring Rui Carvalho Homem Rui Lage Ruy Belo Ruy Espinheira Filho Ruzbihan al-Shirazi Régis Bonvicino Salvado Dalí Sandra Ciccone Ginez Santiago de Novais Saúl Dias Scott Scheidly Seamus Heaney Sebastian Guerrini Sebastià Alzamora Shahram Karimi Shorsha Sullivan Sigitas Parulskis Silvio Fiorani Smokey Robinson Sohrab Sepehri Sophia de Mello Breyner Andresen Souzalopes Susana Thénon Susie Hervatin Suzana Cano Sílvio Ferreira Leite Sílvio Fiorani The Yes Men Thom Gunn Tim Burton Tomasz Bagiński Torquato Neto Túlia Lopes Vagner Barbosa Val Byrne Valdomiro Santana Vera Lúcia de Oliveira Vicente Werner y Sanchez Victor Giudice Vieira da Silva Vinícius de Moraes W. B. Yeats W.H. Auden Walt Disney Walter Frederick Osborne William Kentridge Willian Blake Wladimir Augusto Yves Bonnefoy Zdzisław Beksiński Zé Rodrix Álvaro de Campos Éle Semog