Ilustração enviada pelo autor
Ato I
Recolhidos por virgens nuas
Cena I
Tudo é mistério e espanto
Ele (ou eu)
Gotas de sangue na baba roxa dos punhais,
Que encurralam minha existência
Em pontas aqui ali me deixando sem saída.
Matas envolto em mistério? Jura? ó!
Uma névoa na memória do meu assassinato:
Ah o dia da minha morte, sim sim, me lembro. Ah o dia da minha morte, sim sim, me lembro.
Me jogando de penhascos de Cork, foi assim (berra):
Vi estrelinhas no Atlântico, ah meu Deus pneumotórax do Bandeira,
Ah meu Deus, minha mãe velha, ah meu Deus comida mineira boa,
Ah meu Deus a classe econômica das viagens a Roma, ai carai cachaça sertaneja, ah meu Deus sinuca e pagodinho, a putaria da política, Ah meu Deus quanto pouco caso agüentei, ah meu Deus tenho pena da cachorra Baleia do Vidas Secas, Ah meu Deus e agora sou Isca do River Lee de tudo o que havia de mim nesta gelada!
De dentro pra fora e de fora pra dentro e pra fora de novo dentro. Ufa! Se fuder mano...
E neste tempo todo só guardei versículos,
Que dentro de mim andavam inteiros ou em tijolos pretos
Pessoas, mulheres, crianças de todos os celtas,
Macumbas e ossos de tantos brasileiros.
Existi mesmo?
Um dia me perguntei como se fosse Hamlet bravo: (gritando)
“ Como pode? Bebo veneno e
o que quero é morte dos outros?”
[cortina]
Horácio: “ E o resto é silêncio.”
Qualquer um da platéia(de outra cidade): ó mãos de Fortimbras ó! Agarrai vespas mas não dominais o destino.
Outra pessoa paulistana : Ah vai se fú! Acaba assim?
Santiago de Novais, nasceu em Minas, Campos Gerais. É professor de idiomas, tradutor, educador e poeta.
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