Art Chirography - Charles Sanders Peirce handwriting for the beginning of Poe’s poem "The Raven"
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CORVOS-PAVESEANOS
A densidade metafórica das jóias zodiacais sobrevive às desassossegadas
ancas das víboras (cavalgada irremissivelmente escoada na respiração vivaz
das coincidências das baleeiras-filiais-da-semanturgia onde o geografismo de
PAVESE leva os fluxos corporais até ao ÓREKSIS de LANGHE): rotas
feiticeiras dos gadanhos-dos-pilotos farejadores das cabeleiras-vegetais-dos-
elefantes-paradisíacos OU dos TARAHUMARA de ARTAUD: embriaguez das
desflorações oculares/angulares a elevar a pulsação do Alasca-poético quando
a ciência abismada dos látegos-dos-refúgios se inclina na exposição do
minucioso bicho descobridor da rosa-embrionária-dos-furacões e do AIÔN de
LAVORARE STANCA: flexível ascensão das janelas-filigranas nos bandos das
probabilidades-da-gravitação que reúnem as arquitecturas luminosas das
cesuras-Gaudí-acrobático para embalarem os compromissos das gargantas
migratórias nos últimos chamamentos matinais:_________ as pistas
desmesuradas das bicicletas GOLPEIAM as vagas-dos-baluartes
embutidas numa margem-de-alvéolos surpreendentemente contagiantes e
o estriamento da carruagem-de-parteiras-solares acolhe a sublimidade do
pássaro-dos-desvairamentos sobre a o esguicho da baleia transatlântica(
ressonância dos cruzamentos de MOBY DICK: furtiva lantejoula do
PHARMACON oceânico a desarranjar o frontispício das quadrilhas da
florescência de Hylaia( as camadas da escrita a evaporarem-se
ensanguentadas porque anestesiam os repuxos do abismo e atravessam
uma via-férrea-de-enxofres: cataratas de efervescências sugam as
procisssões herbívoras dos cavalos-em-chamamento: CRÁNIOS de
ELECTRICIDADE a diluírem os azulejos carregados de coros-das-sementes
contaminadas pelos bichos que alimentam os búzios-das-chuvas
_________________
(os
esófagos
armadilhados
de
arrebatamentos
encalham
propositadamente nas cordas dos diques-projécteis: saudações dos
cachos metalizados: baloiços nos servidores das clareiras do gérmen):
as merendas dos camarotes derramam as perspectivas das poses na lixiviação
dos tentáculos suburbanos : anzol electrocutado nos alimentos dos insectos
dianteiros e um pincel de julgamentos-de-pescoços é reenviado
obsessivamente até às nódoas-das-hélices das atiradeiras vegetais (arqueiros
da vertigem a chichorrobiarem sobre as negações das cicatrizes dos caminhos
sombrios): os trompetes recompensam os gatilhos das putrefacções dos
ladrilhos-barbitúricos como ricochetes pegajosos a perfurarem os veios das
lucernas : matéria-prima dos últimos embates das gavetas do icebergue
entrelinhado nos almanaques matrimoniais do relâmpago:_____________os
estabilizadores das aberturas da salamandra pélvica gerem os impacientes
núcleos aborígenes e a voracidade das vulvas homeopáticas transparece na
unidade infinita dos IMPETUOSOS idiomas como a presença das
ressonâncias-aos-tropeções na fagulhação das radiografias/mitologias reunidas
pela profundidade dos arcos que apavoram a plenitude da cidade-
mental:___________ insolação das trincheiras: ou serão as ondulações
das cúpulas na venerabilidade da escaldadura das costureiras do retorno:
(ESPELHAMENTOS da armadilha nos tabuleiros da INTERROGAÇÃO):
Por que a noite assoalha os cofres interlocutores dos esquálidos cativeiros da
crueldade e as rupturas da corda bamba são utensílios das levadas indizíveis?
Por que, Artaud, a gengiva central das luzes amadurece os detalhes das
audiências dos ilimitados arabescos com a interpretação sibilante entre as
elevações dos materiais magmáticos?
E esses desafios misteriosíssimos nas colunas-das-moradas, Artaud, com
redemoinhos a penetrarem nos espaços vazios das olhaduras?
os assombros dos vendavais unificam-se nas encruzilhadas dos astronómicos
pirilampos:________ os vigamentos ou as vírgulas das águias desabrocham na
instabilização das encostas(estrumes metálicos entre os néons da catástrofe)
(as persianas microscópicas resguardam-se nos pilares órfãos do alabastro):
vento enclausurado nas averiguações dos chilreios do cometa-sangue-
simbiótico onde as transmissões lunares reinventam as tangerineiras
fantasmagóricas do fogo (sinuoso muro visivelmente aberto à aceleração dos
lóbulos-de-enxofre-adamantino): um instante-adormecido das oferendas
abisma-se na tonelagem das braçadas dos tubérculos que evocam a loucura
bífida da sombra-escorpião como um utensílio desabotoado a lavrar
devagarinho as escrituras da água (arestas da sementeira sobre as pancadas
envidraçadas da noite-polidora-de-tímpanos-terrestres): os olhares dos
crocodilos embebedam-se de iluminadas úlceras-salamandras para
distinguirem os ritmos antigos dos vulcões (manobras dos degraus das fendas:
cólera do vazio arpoado): __________ os fôlegos das antenas dos astros
sentenciam as passageiras íntimas das cataratas: agitações a desatarem
os soberbos rendilhados dos mastros dos estábulos-das-gerações: lumes
jugulares a gretarem os alpendres do hipopótamo da astronomia:
_____________ carvão-de-navalhas rebatido pela quadratura dos hussardos-
da-visualidade onde os ressaltos odoríferos das coxas-clorofilas arrepanham os
obsessivos faróis dos aconchegos-do-teatro para responderem intensamente
às civilizações dos beirais-das-gavinhas: posição apurada dos golpes-dos-cães
reservados às mirras-tensas-das-artérias: as celas dos exílios-BRECHT
expandem a direcção profundíssima do húmus-gestual onde as vespas das
axilas das maçãs oscilam num carreiro de ecos-de-ninfas-da-cidade-rural:
transversalmente os crepúsculos das raízes-larvas são consumidos pelos
limiares dos esquilos/alfabetos-dos-lóbulos-das-bibliotecas e as resistências
milenares dos interstícios das trinca-nectares constroem oblíquas viagens para
interceptarem a primeira concessão das colmeias (sarampo-das-bagas nas
entranhas baloiçadoras das tabernas: luta dos ocos das sombras):
____________as aves-matracas desdobram-se em chusmas menstruadas
entre os altares das giestas das ruas-das-confissões-industriais como um
aperto zumbidor inspirado nas portarias dos intercessores de aguaceiros: as
coruscações dos seios lactescentes distorcem o verão dos comboios-dos-
insectos (irresgatável densidade das campânulas dos hipocampos): desunir o
frenesi dos faisões sobre os leques intermináveis das termas-do-curral (proas
de fuligem nos vigamentos das sopas das minhocas): as docas ritmadas-dos-
lábios centralizam as polainas de vento nas curvas do falo-vagina-planetária e
os gomos-lenhadores de minérios-de-uránio despenham-se nas ampolas
transparentes das dormideiras como tufos acrobatas da cirúrgica adivinhação a
entardecer a urina-niquel das autobiografias: varas-vacas e bisontes-
desembargadores a coreografarem os duetos dos fósseis viscerais
(bombazina das galerias carbonizada entre os seixos dos poços
transitórios onde um rebanho de células degenerativas arrepanha o
absinto/relógio da mercearia tectónica (flutuação das placas dos
utensílios assinalam no ombro da folha venenosa a desobstrução da
plaina-de-ar) os chupadores de plúmulas-de-ressaltos assoalham as
caligrafias das boleias cessantes da nuvem-do-torso-bailarino e a
dilatação dos sucos das serpentes deposita a insistência dos casulos-
das-atalaias no voo da gigantesca lâmpada (cronologicamente as
roldanas dos pastos hospedam-se nos chocalhos dionisíacos: flecheiro
com o sangue do íman-do-pavor ao colo):
a antecipação das estufas das valsas fractura o solo-do-bacanal-das-vespas e
os sustos da pradaria concebem os recortes das pinças dos ciclones (leitos-
lenhos-marfins-dardos-dos-gérmenes num turbilhão de silêncios-rotadores que
assombra as transfusões solares no fundo das gravuras: CORVO
COSMOPOLIZADOR): os glóbulos das lagartas-das-estacarias incham nos
sentidos dos mineiros que iluminam a magnólia-plasma das galerias tatuadas
pelas farmácias da astronomia________
(aqui as canas celestiais dos pescadores de caravelas-sinistras envolvem-se
no rasto das castanholas universais onde a sedução dos fulcros-das-
dentaduras-báquicas argamassam os desfiles das chaves dos bastidores dos
CLARÕES)
Ilustração de VÁLVULAS mineralógicas a deslizar inabalavelmente entre as
expressões dos cachimbos-de-ameixas-solares: marés viscosas sobre os
tesouros-dos-gafanhotos: banquete da sincronização das tatuagens convulsas
das lagunas: a folha-da-pinha-do-abismo banha em arco as vedações das
merendas terrestres como se afagasse um cavalo de astros para nascer de
novo nas cerâmicas FERROMAGNESIANAS (castanholas de sílabas Máficas):
escorrências das assinaturas da plenitude a vergastarem os estuques das
carpinteiras do asfalto (tetas debulhadoras da manducação dos umbrais:
sistemas de transmissão de pêssegos sonoros): __________ a acentuação-
das-acendalhas dos caminhos-de-barro acende as nozes de porcelana que
escolhem as amarras-dos-reflectores das dunas para se escoarem nos brincos
clínicos dos herbanários (o odor das garras da girândola distingue os rostos
alucinados das reproduções piscícolas): a germinação das cestas-energéticas
distende-se nos indícios-dos-sopranos recolhidos nas bóias-atlânticas-dos-
cataclismos para deflagrar nas flutuações do largo da Gronelândia: as suturas
do forro do horizonte são magicamente armadilhadas pelos bailados dos
cães-polares que metamorfoseiam a dessalinização vegetal sobre as
arquitecturas-das-navegações-maternais e a canalização das luzes fixa o
perfume eufórico do uísque escocês de 15 anos nas luas realinhadas
pelos lances da Tundra Sibesarina
Luis Serguilha nasceu em Vila Nova de Famalicão, Portugal. Distinguiu-se em várias áreas, tendo atuado como coordenador de uma academia de motricidade-humana, colaborador em pesquisa arqueológica da época castreja, dinamizador de bibliotecas de jardim. Poeta e ensaísta, suas obras são: O périplo do cacho (1998), O outro (1999), Lorosa´e Boca de sândalo (2001), O externo tatuado da visão (2002), O murmúrio livre do pássaro (2003), Embarcações (2004), A singradura do capinador (2005), Hangares do vendaval (2007), As processionárias (2008), Roberto Piva e Francisco dos Santos: na sacralidade do deserto, na autofagia idiomática-pictórica, no êxtase místico e na violenta condição humana (2008), KORSO (2010), estes três últimos em edições brasileiras. Seu livro de prosa - Entre nós - é de 2000, ano em que recebeu o Prêmio de Literatura Poeta Júlio Brandão. Possui textos publicados em diversas revistas de literatura no Brasil, na Espanha e em Portugal. Alguns dos seus textos foram traduzidos para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão e catalão. É responsável por uma coleção de poesia contemporânea brasileira na Editora Cosmorama e Curador do Encontro Internacional de Literatura e Arte: Portuguesia.
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