Garden, 2005, by Maggie Taylor |
Silêncio
Um dia disseram: “Tudo já foi escrito.”
Um dia escreveram: “Tudo já foi dito.”
- Então, nada mais resta, além de cavarmos duas covas.
Pensamento uniforme perpetua faculdades inúteis.
A onisciência é a presunção que assola o mundo.
O conhecimento é informação volátil.
Precipitada sabedoria imediatista.
Discursos eloquentes descarga abaixo.
Onde estão os tolos encontram-se os sábios.
Novo-velho tempo ausente de ideias.
Confortável assento para o cérebro.
O medíocre semeia o fracasso.
Pandêmico vírus prolifera-se.
A busca leviana descobre o óbvio.
Mutantes clones recriam clones.
A ignorância passiva contamina...
Onde a inquietude emergia.
Jogo de caça-palavras retóricas.
Cultura estética vazia. Autofagia das línguas.
Inspiração intraduzível, falência criativa.
Todas as formas em uma inexpressiva perspectiva.
A última palavra ainda esboça...
A última voz silenciada grita.
Dorival Fontana é paulista, poeta e escritor. Atualmente vive em Caconde, Minas Gerais.
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