Um Oásis Muito Estranho
A campainha tocou: eram Arlésio Siqueira e Anísea Mariette. Eles entraram no sobrado de Zillyo Edelberto e Zulmira Marília, onde tomaram aperitivos... Zillyo preparou um “Dry-Martini” para Arlésio, um “Mojito” para Zulmira e um “Old-Fashioded” para si, só Anísea que tomou agua com gás porque ia dirigir naquela noite...
O plano inicial era ir a um restaurante de um amigo deles, na Av. Lins de Vasconcelos, porém o lugar estava fechado, “Então onde iremos?” perguntou um deles... resolveram procurar um lugar nos arredores e enquando percorriam as ruas do Cambuci, Zillyo começou a discursar sobre a exibição total nos perfis das redes sociais: os gostos emboabas, o orgulho da jeguice tecnologizada: “o aparelho mais moderno a mostrar o vazio espiritual de uma geração aparício-narcisita: um lago de cristal líquido a refletir almas deslumbradas com suas vidinhas boçalizadas” exclamava ele orgulhoso da metáfora ligando o mito de narciso a se admirar em um lago da cristal líquido às pessoas deslumbradas com a própria imagem no “fêice”....
Arlésio concordava com seu amigo e acrescentava discorrendo sobre as novas revoltas populares a disseminar: novos 'maio de 68' as explodir de forma globalizada: os superáfits fiscais, os destinos individuais sendo arrastados pelas fétidas marés dos planos macro-econômicos: - “aqui era o fim do mundo, agora o fim do mundo é lá, mas nada impede que dentro de alguns meses, aqui volte a ser de novo o fim do mundo...nos anos setenta o capitalistas eram identificados como dráculas que sugavam o sangue dos pobrezinhos operários... agora os capitalistas mais parecem doctors Franksteins a criar monstros que escapam de seus controles... não existe mais a lógica maniqueísta...” retrucava contente pois também fizera uma metáfora brilhante referenciando o sistema capitalista com personagens de filmas de terror...
Anísea e Zulmira nada falavam, esperavam achar um restaurante onde pudesem combinar detalhes da próxima viagem: os casais iriam passar um fim de semana (emendando em um feriado) em Buenos Aires e estava combinado que uma tarde Arlésio e Zillyo iriam percorrer os sebos da Calle Corriente e tomar alguns copetins enquanto suas esposas iriam comprar sapatos, bolsas, botas, capas, malhas, calças e camisas na Calle Santa Fé...
Após percorrer diversas vias eles foram parar na R. Teodureto Souto onde acharam um restaurante único: ED CARNES: a churrascaria do Ed Carlos, para quem não sabem “o astro precoce da Jovem Guarda”, que gravou sucessos como “Edifíco de Carinho” e comandou um programa de TV denominado “Mini-Guarda” ... ao entrar repararam em um senhor (vestindo jeans, camisa grená, gravata, corrente prateada indicando um relógio de bolso e óculos ray-ban, com pinta de delegado) que recepcioná-los: era o próprio Ed, em carne e osso... o aspecto do restaurante era genial: as paredes era repletas de figuras, pra começar havia um brasão medieval pintado sobre fundo de madeira, onde uma luva metálica de armadura segurava um espeto de churrasco fumegante... depois avistaram mais objetos: capas de discos, pinturas retratando o ídolo e pricipalmente fotos, muitas fotos do dono ao lado das mais diversas celebridades, principalmente fotos ao lado de Roberto Carlos... no lado esquerdo ao fundo, um palco, onde um outro cantor cantava a canção: “Canzone Per Te”...
Pediram costela, a especialidade da casa, e beberam cerveja gelada... o cantor continuava cantando clássicos da Jovam Guarda com destaque para “Rio Amarelo” (uma versão do clássico “Yellow River” que foi gravado em português pelos “Os Carbonos”) eles adoravam a situação inusitada: nada de restaurantes moderninhos com cardápios estilizados, pratos enfeitados servidos por garçons universitários em roupas negras e gel nos cabelos que atendem os clientes com ar blasé... o lugar era diferente um ambiente familiar: a esposa do dono vinha até a mesa perguntar se estava tudo bom, a garçonete simpática simples e parcialmente desdentada e o cantor que no palco ao fundo desfilava clássicos como “Maria Izabel” e “Eu Quero Voltar Para a Bahia”...
Enquanto comiam a carne (descrita como “sedosa” em um dos cartazes da casa) e tomavam as cervejas trazidas pela simpática e desdentada garçonete os quatro constataram que existem diversos restaurantes e bares que são iguais em qualquer lugar do mundo, bistrôs que tanto podem estar na Rive Gauche parisiense como na Recoleta portenha, pubs muito parecidos que tanto podem estar situados na Southeast Dublin quanto no bairro paulistano de Pinheiros, cantinas italianas que se mutiplicam pelo mundo... porém existe um outro tipo de restaurante... aquele que só pode existir em um único local, os verdadeiros oásis que se encontram em meio aos monótonos desertos da globalização... então eles compeenderam que estavam em um destes locais e por alguns instantes pararam de conversar e ficaram somente ouvindo a música e apreciando o ambiente...
A campainha tocou: eram Arlésio Siqueira e Anísea Mariette. Eles entraram no sobrado de Zillyo Edelberto e Zulmira Marília, onde tomaram aperitivos... Zillyo preparou um “Dry-Martini” para Arlésio, um “Mojito” para Zulmira e um “Old-Fashioded” para si, só Anísea que tomou agua com gás porque ia dirigir naquela noite...
O plano inicial era ir a um restaurante de um amigo deles, na Av. Lins de Vasconcelos, porém o lugar estava fechado, “Então onde iremos?” perguntou um deles... resolveram procurar um lugar nos arredores e enquando percorriam as ruas do Cambuci, Zillyo começou a discursar sobre a exibição total nos perfis das redes sociais: os gostos emboabas, o orgulho da jeguice tecnologizada: “o aparelho mais moderno a mostrar o vazio espiritual de uma geração aparício-narcisita: um lago de cristal líquido a refletir almas deslumbradas com suas vidinhas boçalizadas” exclamava ele orgulhoso da metáfora ligando o mito de narciso a se admirar em um lago da cristal líquido às pessoas deslumbradas com a própria imagem no “fêice”....
Arlésio concordava com seu amigo e acrescentava discorrendo sobre as novas revoltas populares a disseminar: novos 'maio de 68' as explodir de forma globalizada: os superáfits fiscais, os destinos individuais sendo arrastados pelas fétidas marés dos planos macro-econômicos: - “aqui era o fim do mundo, agora o fim do mundo é lá, mas nada impede que dentro de alguns meses, aqui volte a ser de novo o fim do mundo...nos anos setenta o capitalistas eram identificados como dráculas que sugavam o sangue dos pobrezinhos operários... agora os capitalistas mais parecem doctors Franksteins a criar monstros que escapam de seus controles... não existe mais a lógica maniqueísta...” retrucava contente pois também fizera uma metáfora brilhante referenciando o sistema capitalista com personagens de filmas de terror...
Anísea e Zulmira nada falavam, esperavam achar um restaurante onde pudesem combinar detalhes da próxima viagem: os casais iriam passar um fim de semana (emendando em um feriado) em Buenos Aires e estava combinado que uma tarde Arlésio e Zillyo iriam percorrer os sebos da Calle Corriente e tomar alguns copetins enquanto suas esposas iriam comprar sapatos, bolsas, botas, capas, malhas, calças e camisas na Calle Santa Fé...
Após percorrer diversas vias eles foram parar na R. Teodureto Souto onde acharam um restaurante único: ED CARNES: a churrascaria do Ed Carlos, para quem não sabem “o astro precoce da Jovem Guarda”, que gravou sucessos como “Edifíco de Carinho” e comandou um programa de TV denominado “Mini-Guarda” ... ao entrar repararam em um senhor (vestindo jeans, camisa grená, gravata, corrente prateada indicando um relógio de bolso e óculos ray-ban, com pinta de delegado) que recepcioná-los: era o próprio Ed, em carne e osso... o aspecto do restaurante era genial: as paredes era repletas de figuras, pra começar havia um brasão medieval pintado sobre fundo de madeira, onde uma luva metálica de armadura segurava um espeto de churrasco fumegante... depois avistaram mais objetos: capas de discos, pinturas retratando o ídolo e pricipalmente fotos, muitas fotos do dono ao lado das mais diversas celebridades, principalmente fotos ao lado de Roberto Carlos... no lado esquerdo ao fundo, um palco, onde um outro cantor cantava a canção: “Canzone Per Te”...
Pediram costela, a especialidade da casa, e beberam cerveja gelada... o cantor continuava cantando clássicos da Jovam Guarda com destaque para “Rio Amarelo” (uma versão do clássico “Yellow River” que foi gravado em português pelos “Os Carbonos”) eles adoravam a situação inusitada: nada de restaurantes moderninhos com cardápios estilizados, pratos enfeitados servidos por garçons universitários em roupas negras e gel nos cabelos que atendem os clientes com ar blasé... o lugar era diferente um ambiente familiar: a esposa do dono vinha até a mesa perguntar se estava tudo bom, a garçonete simpática simples e parcialmente desdentada e o cantor que no palco ao fundo desfilava clássicos como “Maria Izabel” e “Eu Quero Voltar Para a Bahia”...
Enquanto comiam a carne (descrita como “sedosa” em um dos cartazes da casa) e tomavam as cervejas trazidas pela simpática e desdentada garçonete os quatro constataram que existem diversos restaurantes e bares que são iguais em qualquer lugar do mundo, bistrôs que tanto podem estar na Rive Gauche parisiense como na Recoleta portenha, pubs muito parecidos que tanto podem estar situados na Southeast Dublin quanto no bairro paulistano de Pinheiros, cantinas italianas que se mutiplicam pelo mundo... porém existe um outro tipo de restaurante... aquele que só pode existir em um único local, os verdadeiros oásis que se encontram em meio aos monótonos desertos da globalização... então eles compeenderam que estavam em um destes locais e por alguns instantes pararam de conversar e ficaram somente ouvindo a música e apreciando o ambiente...
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