Eyeries - The Beara peninsula, West Cork by Irish KC |
Numa manhã nublada e fria partimos de Dublin, na República da Irlanda, com destino à cidade do Porto, em Portugal. Edward e Therese - um casal de irlandeses - minha mulher Eva e eu. Conheci-os em Cork, cidade litorânea da costa do Mar da Irlanda, distante do centro de Dublin pouco mais de trezentos quilômetros.
Cork tem uma população aproximada de 150 mil habitantes e conceitua-se no cenário nacional como um centro cultural de artes cênicas e artesanais. Sua população foi formada na maioria por pescadores. É a segunda maior cidade do país, fundada em 650 d.c, por San Finbarr. No começo era apenas um mosteiro às margens do Rio Lee. Canais, pontes estreitas e arquitetura georgiana fazem parte da cidade de ar continental. No século XVIII, muitas das ruas de hoje eram apenas canais. Cork é famosa por seus bares e restaurantes. Tem uma variedade de livrarias, butiques e lojas de obras de arte. A Galeria Crawford é a mais antiga e tradicional da cidade.
Edward e Therese estavam em Cork participando de um seminário sobre Tecnologia da Informação. A Irlanda atualmente é um dos maiores centros industriais de tecnologia da Europa. O comércio e a indústria de aparelhos elétrico-eletrônicos estão acima da média dos concorrentes europeus. Eles moram em Dublin, num bairro de classe média alta no entorno da cidade. Eu estava acompanhando minha mulher Eva que viera fazer complementação de um curso de pós-graduação em artesanato e artes plásticas, iniciado em Glasgow, Escócia. Eva ficara no hotel em Dublin esperando notícias dos filhos que estavam em Londres, em férias escolares.
Edward é uma pessoa jovem, agradável, inteligente e sensata. Seu olhar brilhante e especulativo denunciava essas qualidades. Tinha cerca de 40 anos de idade, apesar dos poucos cabelos ou melhor, quase nenhum. Possui um censo de humor fora do comum, capaz de persuadir em alguns segundos aqueles que ousassem discordar de suas idéias e conceitos. Dotado de uma educação finíssima, particularidade que herdou de seus pais e principalmente pela formação rígida dos colégios europeus. Certa vez Edward surpreendeu-me quando nos convidou para jantar em sua casa. Esse gesto de amizade nos deixou bastante honrados e felizes porque acabávamos de nos conhecer. Isso fez com que nos aproximássemos e nos tornássemos realmente amigos.
Numa noite chuvosa e úmida, com ventos fortes e frios, comuns na maior parte do ano em Dublin, chegamos à sua residência. Um condomínio fechado, formado por casas geminadas do mesmo padrão e estilo, distante do centro de Dublin cerca de 20 kms. Tocamos a campainha do lado direito da porta e após alguns segundos, atendeu-nos sua esposa Therese. Ela não conhecia Eva. Fiz a apresentação de Eva. Therese nos convidou a entrar.
- Desculpem-me pela ausência de Edward, mas logo ele estará de volta, disse Therese sorrindo.
Entramos e nos sentamos em frente à lareira.
- Devido um mal estar de um dos nosos filhos, ele teve que acompanhá-lo ao hospital, disse-nos, um tanto preocupada. Ela ficou para nos recepcionar. Felizmente nada grave aconteceu e em pouco tempo Edward estava de volta. Cumprimentamo-nos. Apresentei-lhe a Eva. Brindamos com um excelente vinho italiano, de sua adega, safra de 1986, que solidariamente nos ofereceu.
Enquanto degustavamos a excelente bebida, trocavamos idéias sobre a cultura e politica brasileira. Até então, desconhecia o interesse de Edward pelo Brasil. Falamos sobre a economia dos países europeus, desenvolvimento social, problemas estruturais, política migratória, etc. Ele constantemente me perguntava de Recife, Salvador e São Paulo. Jamais imaginei tanta curiosidade. Eva e Therese tinham interesse sobre artesanato, folclore e artes plásticas.
Edward tinha uma verdadeira fascinação pelas coisas do Brasil. Notava-se no seu semblante quando lhe dizia que o Brasil atualmente gozava de um conceito extraordinário na Europa devido à consolidação de sua politica econômica. O povo, principalmente a classe mais pobre, vive feliz com o governo que diminuiu o hiato econômico-social entre as classes. Ele se exaltava porque era um grande observador, estudioso e pesquisador dos problemas brasileiros. Disse que acompanhava a trajetória brasileira diariamente pela Internet. Afinal, o Brasil era a terra dos seus pais, particularidade que eu desconhecia. Foi através deste encontro que pude realmente conhecer Edward e sua família. Apesar de ter nascido em Dublin, seus pais eram brasileiros, e por mais de uma vez já estivera em Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador.
Durante o jantar aventamos a possibilidade de fazermos um giro turístico e cultural por alguns países da Europa: Portugal, Espanha, Itália e França na primeira etapa. Naquela mesma noite traçamos o roteiro juntamente com as mulheres, para não haver dúvidas ou arrependimentos. Dois dias depois o plano estava finalizado e aprovado. Reservas de hotéis, aquisição de passagens, aluguel de carros, tudo providenciado. Finalmente na manhã do dia 7 partimos para Portugal.
No comments:
Post a Comment