Rua dos Sapateiros, LIsboa - Antonio Bartolo |
O amanhecer do dia seguinte foi igual a todos os outros nossos amanheceres. Rotina de sempre. Café da manhã reforçado para suportar o trampo do dia, e pé na estrada. Hoje é um novo dia que se nos depara. Ontem passou, quando muito virou saudade... Acordamos, tomamos o café da manhã e traçamos o roteiro: Largo do Chiado, parte alta de Lisboa, acesso pelas escadarias do metrô, estação São Bento, construída em 1916 e de onde partem os trens de subúrbios para todos os bairros da cidade, cuja decoração é ilustrada por azulejos que marcam as passagens dos anos históricos do país. Caminhamos por ruas, travessas e vielas estreitas e de difícil acesso, sempre admirando as construções seculares. Verdadeiros monumentos históricos.Dedicamos especial atenção para a beleza das Praças Luiz de Camões e Antonio Ribeiro Chiado, este último, poeta luso do século XVI, pouco conhecido entre nós brasileiros.
Em frente ao Bar Brasileiro, um estabelecimento secular, aonde Fernando Pessoa costumava passar as tardes depois do trabalho para tomar seu aperitivo, está erguida em tamanho natural sua estátua. O mais importante poeta dos tempos modernos da Literatura Portuguesa está alí imortalizado . Ao seu lado há uma cadeira vazia, também esculpida em bronze, para os turistas de vários países do mundo sentarem-se e simular com ele uma entrevista ou um simples bate papo. Duvido que alguém que vá até aquele bar não sinta vontade de sentar-se naquela cadeira e tirar uma fotografia ao lado do muito lido e admirado, escritor e poeta.
São de sua lavra obras como Mensagem, publicada em 1934 e diversas outras obras, algumas em lingua inglesa, publicadas sobre os heterônimos Álvaro de Campos, como Ode Triunfal, Ode Marítima e Ultimato, Alberto Caiero, como O Guardador de Rebanhos, o Pastor Amoroso, Bernardo Soares, com Desassossego, sem contar inúmeras correspondências que ele mantinha com inúmeras ficções, como se fossem pessoas reais. Pura imaginação do poeta!
Fernando Antonio Nogueira Pessoa, poeta, escritor e jornalista, nasceu em Lisboa em 13 de julho de 1888, faleceu na mesma cidade, em 30 de novembro de 1935, aos 47 anos de idade, acometido de uma cirrose hepática que contraiu nas baladas e na vida airada das noites de Lisboa. Era um estróina apaixonado por Lisboa. Viveu na África do Sul a maior parte de sua juventude. De inegável cultura, escreveu vários obras sob diversos heterônimos. Antes de morrer escreveu em inglês a famosa frase "I know not what tomorrow will bring."
Ninguém saberá, creio.
Descemos as estreitas ruas de Lisboa e fomos direto ao Mosteiro dos Jerônimos, monumento histórico construído às margens do Rio Tejo por ordem de D. Manoel I em 1496. O Rei D. Manoel I tinha um desejo ardente e suficiente razão para mandar construir este mosteiro: uma delas estava ligada à secularização da manutenção de sua dinastia. Ele queria perpetuar sua memória e de sua família:AVIS-BEJA, tanto que na capela-mor do mosteiro estão sepultados seus restos mortais.
No final do século passado para lá também foram levados os túmulos de Vasco da Gama e do Poeta Luiz de Camões. Há ainda no mosteiro a sepultura de D. Sebastião, porém esta continua vazia até hoje, à espera do corpo do nobre vassalo que jamais retornou ao País. Vitimado pela fracassada expedição ao Marrocos, em 1578, seu corpo nunca foi encontrado, porém, seu túmulo continua vazio até hoje, à espera do grande líder.
Para ocupar o Mosteiro, D. Manoel I convidou os frades da ordem de São Jerônimo, para entre outras razões rezar pelas obras do Rei e prestar assistência espiritual aos navegadores, que da praia de Restelo partiam para novas aventuras além-mar, navegando por águas nunca antes trafegadas.
Do Mosteiro dos Jerônimos, do outro lado da avenida, às margens do Rio Tejo, está à Torre de Belém, outra belíssima construção secular, erguida de acordo com um projeto do Rei Dom João II, que previa a construção de mais dois monumentos em forma de fortaleza, Cascais e São Vicente, na era das descobertas, com o fim de proteger a cidade de Lisboa do ataque dos bárbaros invasores. A Torre de Belém está repleta de decorações manuelinas. Atualmente é reconhecida como patrimônio da humanidade.
Do lado esquerdo da Praça, em frente ao rio Tejo também está erguido um monumento às memórias de Carlos Viegas Gago Coutinho, nascido em Lisboa em 1867 e falecido em 1959, e Sacadura Cabral, em homenagem à primeira travessia aérea do atlântico Sul. Esse monumento foi erguido no século atual.
Visitamos ainda outros monumentos e Museus: A Catedral de Santa Clara; a Igreja de São Roque, Igreja do Carmo e o Museu do Chiado. Na Baixa (um bairro famoso de Lisboa), entramos no Palácio da Foz, no Teatro Nacional, no Castelo de São Jorge, na Igreja de São Vicente, e sentamo-nos nos bancos toscos da Estação do Cais de Sodré. O Museu da Artilharia, e outras relíquias deixamos para visitá-los outro dia. Essas lembranças certamente irão permanecer em minha memória e enriquecer cada vez mais meus conhecimentos da terra de meus ancestrais.
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