Definição

... da totalidade das coisas e dos seres, do total das coisas e dos seres, do que é objeto de todo o discurso, da totalidade das coisas concretas ou abstratas, sem faltar nenhuma, de todos os atributos e qualidades, de todas as pessoas, de todo mundo, do que é importante, do que é essencial, do que realmente conta...
Em associação com Casa Pyndahýba Editora
Ano VI Número 63 - Março 2014

Conto - José Miranda Filho

Joan Miró - Self-portrait

Encontro de Amigos - Parte 6

Marcos, o amigo brasileiro que vive em Madri, é filho de um grande companheiro que conheci em Campo Formoso – região norte da Bahia - quando lá estive fazendo compras de esmeraldas para a loja de minha mulher. Trabalhava nas minas extrativas de pedras preciosas no município. Era o encarregado da produção geral de toda produção auferida. Nenhum operário podia deixar seu posto sem ser revisado. Era um verdadeiro absurdo! Toninho, como lhe tratavam os amigos mais íntimos não concordava com essa imposição que julgava fora dos padrões de cidadania e humanidade imposta pelos ingleses que detinham a concessão da exploração mineral. Dizia ser um castigo temeroso e uma penalidade muito pesada. Talvez por isso, por defender o direito dos trabalhadores àquela época lhe apelidaram de Kruschev, alusão ao ex-presidente da antiga União Soviética, defensora dos direitos operários. Era um cara liberal para a época. Disso todos concordavam, até seus chefes superiores que o viam sob um estopim socialista, capaz de incentivar uma revolta trabalhista para conquistar novos patamares no direito social. Entretanto, seu outro lado psicossocial era severo demais nas ordens determinadas. Cobrava a produção e responsabilidades individuais. Punia quando necessário, até com suspensão do trabalho e corte de salário. Mas achava essas medidas inconsequentes e absurdas!

Campo Formoso, município do sertão baiano, situado a oeste da serra de Jacobina e serra da Mangabeira, antanho conhecido como antiga Freguesia Velha de Santo Antônio do Sertão de Jacobina, foi a 1a Povoação do norte do Estado da Bahia. Em 1682 foi elevado à categoria de Freguesia. Em 1880, através do Governador D. Antônio Araújo de Aragão Bulcão foi elevado a município com o nome atual, através da Lei Provincial no. 2051 de 28 de julho de 1880. Distante 400 km de Salvador, tem acesso pela estrada BR-324 até Senhor do Bonfim. De Senhor do Bonfim até Campo Formoso chega-se pela estrada asfaltada que liga os dois municípios. Tempos atrás também se chegava ao município de trem, pela antiga Rede Ferroviária Federal Leste Brasileiro. Hoje, acredito que a ferrovia só transporte mercadorias, não sei ao certo, nem se existe mais.

Sua população é de 62 mil habitantes, aproximadamente. É um município extrator de minérios, e em cujas minas meu amigo Toninho, pai de Marcos trabalhou. Era jovem ainda. Após a conclusão do curso secundário concluído em Senhor do Bonfim, a única alternativa de trabalho naquela região eram as minas de extração de minérios em Campo Formoso, localizadas no subúrbio, de Caraíba. Em Senhor do Bonfim passou grande parte de sua juventude, dedicando-se aos estudos, até a conclusão do curso secundário. Depois de trabalhar nas minas, decidiu tentar a vida em São Paulo, aceitando conselhos de amigos, parentes e de alguns antigos colegas de ginásio, que viviam em terras paulistanas.

Em janeiro de 1957, com a cara e a coragem desembarcou em São Paulo. De posse de uma velha mala de couro que continha apenas quatro calças, algumas camisas, um paletó de linho, algumas cuecas e um pijama, desceu no aeroporto de Congonhas sob uma fria neblina e um céu escuro, que a principio lhe amedrontou, mas o taxista que o levou a São Caetano do Sul disse-lhe que esse fenômeno atmosférico era muito natural em São Paulo.

Sem destino algum, já que seu objetivo era o Rio de Janeiro, aonde, a princípio iria estudar na Escola Militar, lembrou-se que trazia na mala uma carta da mãe de um amigo seu para a irmã dela que residia em São Caetano do Sul. Não vacilou!. Ali mesmo no táxi abriu a mala, pegou a carta, memorizou o endereço postado no envelope e seguiu para lá. O motorista estacionou bem em frente à casa. Desceu do carro, pagou a corrida, entregou a correspondência para Dona Rosita que veio lhe atender à porta e humildemente disse:

- Não tenho para aonde ir. Não conheço ninguém aqui e estou sozinho. Com a bondade no coração, gesto que caracteriza o povo nordestino, ela o acolheu, abraçando-lhe, dizendo:

- Pode ficar aqui, meu filho! Minha casa é a sua casa!”

Aquele gesto marcou profundamente seu coração, a tal ponto que hoje ele repete a quem queira ouvir algumas frases de efeito moral, que ouvira o padre falar nos sermões aos domingos, quando frequentava a igreja de Santa Cecília”. “Deus não pergunta o que nós temos, mas o que demos aos outros”.

Dona Rosita tinha dois filhos homens da mesma idade dele e uma filha. Não foi difícil integrar-se e participar do dia a dia daquela família que antes das refeições fazia orações agradecendo a Deus pelo alimento recebido. O bem mais valioso que temos na vida não é o que temos, mas a quem damos. Toninho, com certeza, tinha alguém e não alguma coisa. Esse alguém era Dona Rosita que passou a fazer parte de sua vida e a quem dedicou um carinho especial até o seu falecimento.

Permaneceu naquela casa por quase trinta dias, até estabelecer contatos com alguns amigos que conhecera no colégio em Senhor do Bonfim e que haviam vindo para São Paulo. Por meio deles conseguiu o primeiro emprego em terras paulistanas. Mudou-se para a cidade de São Paulo, e foi morar no bairro de Pinheiros, atrás do Hospital das Clínicas.

A vida em São Paulo, no início não lhe foi nada fácil, como não tinha sido também para seus amigos que deixaram o conforto da casa dos pais para aventurar-se em terras distantes. Apesar da distância e da saudade teria de se acostumar e viver a vida do paulistano, sempre apressada. São Paulo, naquela época, também conhecida como cidade Paraíso, tinha bastante oferta de emprego e vida fácil. Essa era a notícia que corria de boca em boca no nordeste, principalmente daqueles que já haviam passado pela experiência. .

Foi levando a vida conforme podia. Chorava quando a saudade apertava. Chorava nos momentos que se lembrava de casa, dos pais. Ás vezes lamentava o fato de ter deixado o lar, seus irmãos, seus amigos. No começo tudo era motivo para chorar! Mas era macho e há muito havia aprendido que macho não chora!.

Finalmente, depois de entender as razões porque viera para São Paulo e vencer as barreiras da separação e da distância conseguiu o emprego de auxiliar de correntista numa loja de departamentos na Rua Coronel Xavier de Toledo, por indicação de um correligionário que lá trabalhava. Permaneceu lá apenas dois anos, o tempo suficiente para adquirir conhecimentos e partir para outro emprego, já que havia bastante oportunidade e serviço para quem quisesse trabalhar e fosse capaz. Já tinha alguns conhecimentos e capacidade. Acostumou-se ao clima de São Paulo, sua metrópole e sua gente. Afinal, dizia sempre:

- Sou político e participo dos destinos da sociedade, ou seja: sou produto do meio. Tinha orgulho de dizer isso aos amigos e colegas de escritório. Trabalhou em todas as atividades que lhe eram destinadas antes de tornar-se um empregado qualificado. Nunca rejeitou qualquer que fosse a tarefa, até conseguir conhecimentos que sempre buscou. Trabalhou em várias atividades, desde auxiliar de alfaiate, auxiliar de sapateiro, auxiliar de padeiro, auxiliar de escritório, até vendedor de material de construção, profissão que não se adaptou, como costumava dizer: “ Tive sorte de atingir outro grau de qualidade’. Não teve sucesso nessa profissão, pois, particularmente, não conseguia vender nada. Não tinha argumentos convincentes para fazer alguém lhe comprar alguma coisa. Desistiu. O que foi muito bom para ele. Buscou outra opção.

Novos caminhos se abriram para sua realização profissional e financeira. Passado um ano, tirou as primeiras férias. Em dinheiro. Precisava dele. Necessitava comprar algumas roupas de frio e um cobertor de lã, o que fez na antiga loja Clipper, na Rua Conselheiro Crispiniano, no centro. Hoje esta loja não mais existe. O resto do dinheiro mandou para a irmã que iria se casar, a fim de ajudá-la comprar o enxoval. E foi só. Dificuldades iam sendo transpostas e novos desafios sendo conquistados à medida que o tempo passava. Contrário do que muita gente imaginava, perduravam ainda certas situações que o deixavam aborrecido, mormente, quando lhe faltava o dinheiro, escasso e curto. Lembro-me que certa vez ele me disse que existia num quarteirão além da casa onde morava, uma pensão que servia refeições. Só servia refeições. Não era dormitório. Dona Maria, uma mulata alta e magra, baiana de Feira de Santana era a dona da pensão e locatária do imóvel. Fazia uma comidinha que deixava qualquer baiano arretado e causar inveja a qualquer famoso chef de cozinha internacional. O problema é que o pagamento tinha que ser era adiantado. Nada contra! Normal! Assim, ele teria de pagar as refeições antecipadas. Ele recebia o salário, pagava adiantado o valor mensal das refeições e quase nada lhe sobrava, pois não ganhava o suficiente para suprir todas as suas necessidades. Ainda não estava recebendo o salário pela nova função que haviam lhe atribuído. Certo dia, como sempre fazia ao sair do trabalho para o almoço dirigiu-se diretamente à pensão. Qual foi a decepção. Não acreditou no que viu. Se sua surpresa foi grande, sua tristeza foi ainda maior. “Na porta de entrada da casa, pelo lado de fora, estava afixado um edital da Justiça Estadual para conhecimento de terceiros: ‘‘Fechado por ordem do Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da 2a Vara Cível de São Paulo.” E agora? Pensou no que ia fazer sem dinheiro. Não acreditava no que lia. “Não pode ser verdade”, - dizia em voz baixa, tristonho. Leu e releu várias vezes o edital até convencer-se de sua veracidade. Estava mesmo fechado. Esse fato aconteceu exatamente no segundo dia após ele ter recebido o salário do mês. Ficou sem nenhum dinheiro para suprir as próximas refeições. O jeito foi procurar alternativa que lhe trouxesse o mínimo de condições para sobreviver até o mês seguinte. Não desanimou. Foi à luta!

Duas vezes por semana comprava uma bengala de pão numa padaria próxima à pensão aonde dormia, de quartos coletivos, uma dúzia de bananas na banca do fruteiro, na outra esquina da rua. Escondia-as debaixo da cama para que seus colegas de quarto não o vissem comendo. Fazia isso normalmente durante a noite ou a tardezinha quando seus amigos ainda não tinham retornado do trabalho. Isso perdurou por quase quatro semanas. De repente, num momento distraído, Fernandes, um dos seus grandes colegas, com quem divida o quarto, deixou o trabalho mais cedo, e ao chegar à pensão notou algo estranho. Em baixo da cama de Toninho estavam várias bananas e um pedaço de pão. Ele não se encontrava lá. Não havia retornado do trabalho ainda. Às dezoito horas e trinta minutos, quando Toninho chegou viu que as bananas e o pão estavam sobre sua cama. Estranhou tudo aquilo, mas não se acanhou. Guardou novamente, agora com cuidados redobrados. Fernandes havia saído por algum instante. Quando retornou foi logo perguntando a razão daquilo tudo. Toninho, jamais fizera coisa errada, e nunca escondeu de Fernandes qualquer dificuldade. Mas esse fato ele não queria levar ao conhecimento do amigo com quem sempre nutriu uma amizade profunda. Não o queria vê-lo contrariado.

Fernandes condoeu-se de sua situação e antes de achar uma solução, deu-lhe uma simples advertência, dizendo:

- Não tente esconder nada de mim. Diga-me tudo o que se passa com você, afinal somos irmãos, companheiros e amigos, na dor, na tristeza e na alegria. Um amigo verdadeiro é aquele que sabe perdoar, esquecer e que sempre está ao seu lado nos momentos de necessidade. Toninho abaixou a cabeça, entrelaçou-a entre as mãos e as lágrimas rolaram do seu rosto. Fernandes não o viu chorar.

Fernandes trabalhava numa empresa que tinha refeitório para seus empregados. Não lhe custava nada levar um pouco do que sobrava do almoço ao amigo e companheiro que precisava. Assim o fez. Todos os dias, após o almoço dia ao cozinheiro que preparasse uma quentinha para levar a um amigo que precisava. Desse jeito Toninho conseguiu resolver o problema alimentar do colega e contornar sua situação financeira até o próximo mês.

Dez anos se passaram, enquanto Toninho aperfeiçoava seus conhecimentos na empresa. Formou-se em contabilidade. Casou-se, com uma mulher brilhante, trabalhadeira, parcimoniosa e que o amava e o compreendia mais do que tudo na vida. Dessa união nasceram dois filhos varões.

No ano seguinte, por insistência da esposa, matriculou-se num cursinho para tentar o vestibular no curso de Direito. Após cinco anos de muita luta e sofrimento, concluiu-o com sucesso. Foi o 2o aluno melhor colocado em todas as matérias durante todo o curso. Mas, convenhamos, ele estudava muito.

Concluído o curso abriu um escritório de advocacia com alguns amigos, mas continuou trabalhando no escritório de contabilidade, que na verdade era de lá que tirava o sustento, o escritório mais conhecido e conceituado da cidade. Seu salário dobrou. Em pouco tempo comprou a casa financiada pelo antigo Banco Nacional da Habitação e um carro usado, mas que atendia seus anseios e necessidades. Nasceu seu primeiro filho, enquanto ele se dedicava ao trabalho cada vez mais. Dia e noite debruçava-se sobre os livros. Não tinha tempo para diversão e nem para a família. Foi uma luta árdua. Mas valeu a pena!

No transcorrer do curso, faltava-lhe dinheiro para o lanche e mal tinha para a condução do trem que lhe levava até Mogi. Às vezes passava frio, porque as janelas dos vagões estavam quebradas devido à sanha devastadora dos vândalos da periferia por onde o trem passava.

Quando chegava a casa à uma hora da manhã, a lhe esperar apenas a esposa e um copo de leite e uma maçã, seu único alimento daquele dia depois do almoço, não por falta de outra coisa o que comer, mas porque algumas horas depois ele teria que se levantar pegar o ônibus e ir para o trabalho. Levantava-se às cinco horas da manhã. Dormia apenas quatro horas. Trabalhava em Osasco.

No fim de cinco anos, porém, alcançou a vitória e a consagração. Diplomou-se em direito pela Universidade Braz Cubas. Malhou muito e passou algumas necessidades, mas não deixou faltar o essencial para a família. Sua mulher também ajudava nas despesas do lar. Vendia panetone que comprava da Bauducco aos vizinhos e perfumes da Avon, de porta em porta. Foi difícil, mas, finalmente conseguiu seu objetivo.

A partir daí tudo mudou em sua vida. Começou a participar da vida política e social da cidade. Foi dirigente partidário e alcançou com a eleição do prefeito, cujo candidato seu partido apoiou, um cargo na administração municipal. Foi nomeado Secretário de Governo. Nas férias que pode gozar, quando os encargos da função não lhe impediam de fazê-lo, conheceu alguns países da América do Sul e do Norte e viajou representando o Prefeito para alguns estados brasileiros, que patrocinavam seminários sobre administração pública e outros eventos. Falava e escrevia três idiomas: Inglês, Italiano e Espanhol.

Já como Diretor para Assuntos Internacionais de uma empresa multinacional de mineração, alguns anos após ser demitido do cargo de secretário da administração pública que exerceu durante seis anos, por motivo de eleição do candidato oposicionista, numa feira de produtos brasileiros, patrocinada pelo Ministério da Indústria e Comércio do Brasil, e realizada em Dublin, na República da Irlanda, conheceu o Doutor Stevenson, embaixador do Brasil naquele país. Tornaram se grandes amigos.

Hoje, Toninho é um homem feliz e realizado. Bem casado, dois filhos bem sucedidos na vida, uma bela mulher que lhe compreende e apoia em tudo que pretende e pensa fazer, boa aposentadoria e bem conceituado na sociedade onde vive. Participa de várias instituições beneficentes e sócio de várias entidades da sociedade. Maçonaria, Lion, Fraternidade São Francisco e outras em que apenas contribui financeiramente. Aposentou-se como Diretor de uma empresa pública. Deus deu-lhe mais do que precisava, como costuma dizer. Foi muito generoso para com ele e sua família. Nada tem a reclamar da vida. Nem motivo tem para isso! Conseguiu amealhar durante os tantos anos de trabalho uma razoável poupança e uma aposentadoria especial que lhe proporciona certa tranquilidade. E ainda conta com a ajuda dos filhos, se necessário nas viagens que realiza.

No comments:

Autores

Ademir Demarchi Adília Lopes Adriana Pessolato Afobório Agustín Ubeda Alan Kenny Alberto Bresciani Alberto da Cunha Melo Aldo Votto Alejandra Pizarnik Alessandro Miranda Alexei Bueno Alexis Pomerantzeff Ali Ahmad Said Asbar Almandrade Álvaro de Campos Alyssa Monks Amadeu Ferreira Ana Cristina Cesar Ana Paula Guimarães Andrew Simpson Anthony Thwaite Antonio Brasileiro Antonio Cisneros Antonio Gamoneda António Nobre Antonio Romane Ari Cândido Ari Candido Fernandes Aristides Klafke Arnaldo Xavier Atsuro Riley Aurélio de Oliveira Banksy Bertolt Brecht Bo Mathorne Bob Dylan Bruno Tolentino Calabrone Camila Alencar Cândido Rolim Carey Clarke Carla Andrade Carlos Barbosa Carlos Bonfá Carlos Drummond de Andrade Carlos Eugênio Junqueira Ayres Carlos Pena Filho Carol Ann Duffy Carolyn Crawford Cassiano Ricardo Cecília Meireles Celso de Alencar Cesar Cruz Charles Bukowski Chico Buarque de Hollanda Chico Buarque de Hollanda and Paulo Pontes Claudia Roquette-Pinto Constantine Cavafy Conteúdos Cornelius Eady Cruz e Souza Cyro de Mattos Dantas Mota David Butler Décio Pignatari Denise Freitas Desmond O’Grady Dimitris Lyacos Dino Valls Dom e Ravel Donald Teskey Donizete Galvão Donna Acheson-Juillet Dorival Fontana Dylan Thomas Edgar Allan Poe Edson Bueno de Camargo Eduardo Miranda Eduardo Sarno Eduvier Fuentes Fernández Elaine Garvey Éle Semog Elizabeth Bishop Enio Squeff Ernest Descals Eugénio de Andrade Evgen Bavcar Fernando Pessoa Fernando Portela Ferreira Gullar Firmino Rocha Francisco Niebro George Callaghan George Garrett Gey Espinheira Gherashim Luca Gil Scott-Heron Gilberto Nable Glauco Vilas Boas Gonçalves Dias Grant Wood Gregório de Matos Guilherme de Almeida Hamilton Faria Henri Matisse Henrique Augusto Chaudon Henry Vaughan Hilda Hilst Hughie O'Donoghue Husam Rabahia Ian Iqbal Rashid Ingeborg Bachmann Issa Touma Italo Ramos Itamar Assumpção Iulian Boldea Ivan Donn Carswell Ivan Justen Santana Ivan Titor Ivana Arruda Leite Izacyl Guimarães Ferreira Jacek Yerka Jack Butler Yeats Jackson Pollock Jacob Pinheiro Goldberg Jacques Roumain James Joyce James Merril James Wright Jan Nepomuk Neruda Jason Yarmosky Jeanette Rozsas Jim McDonald Joan Maragall i Gorina João Cabral de Melo Neto João Guimarães Rosa João Werner Joaquim Cardozo Joe Fenton John Doherty John Steuart Curry John Updike John Yeats José Carlos de Souza José de Almada-Negreiros José Geraldo de Barros Martins José Inácio Vieira de Melo José Miranda Filho José Paulo Paes José Ricardo Nunes José Saramago Josep Daústin Junqueira Ayres Kerry Shawn Keys Konstanty Ildefons Galczynski Kurt Weill Lêdo Ivo Léon Laleau Leonardo André Elwing Goldberg Lluís Llach I Grande Lou Reed Luis Serguilha Luiz Otávio Oliani Luiz Roberto Guedes Luther Lebtag Magnhild Opdol Manoel de Barros Marçal Aquino Márcio-André Marco Rheis Marcos Rey Mari Khnkoyan Maria do Rosário Pedreira Mariângela de Almeida Marina Abramović Marina Alexiou Mario Benedetti Mário Chamie Mário de Andrade Mário de Sá-Carneiro Mário Faustino Mario Quintana Marly Agostini Franzin Marta Penter Masaoka Shiki Maser Matilde Damele Matthias Johannessen Michael Palmer Miguel Torga Mira Schendel Moacir Amâncio Mr. Mead Murilo Carvalho Murilo Mendes Nadir Afonso Nâzım Hikmet Nuala Ní Chonchuír Nuala Ní Dhomhnaill Odd Nerdrum Orides Fontela Orlando Gibbons Orlando Teruz Oscar Niemeyer Osip Mandelstam Oswald de Andrade Pablo Neruda Pablo Picasso Pádraig Mac Piarais Patativa do Assaré Paul Funge Paul Henry Paulo Afonso da Silva Pinto Paulo Cancela de Abreu Paulo Henriques Britto Paulo Leminski Pedro Du Bois Pedro Lemebel Pete Doherty Petya Stoykova Dubarova Pink Floyd Plínio de Aguiar Qi Baishi Rafael Mantovani Ragnar Lagerbald Raquel Naveira Raul Bopp Regina Alonso Régis Bonvicino Renato Borgomoni Renato de Almeida Martins Renato Rezende Ricardo Portugal Ricardo Primo Portugal Ronald Augusto Roniwalter Jatobá Rowena Dring Rui Carvalho Homem Rui Lage Ruy Belo Ruy Espinheira Filho Ruzbihan al-Shirazi Salvado Dalí Sandra Ciccone Ginez Santiago de Novais Saúl Dias Scott Scheidly Seamus Heaney Sebastià Alzamora Sebastian Guerrini Shahram Karimi Shorsha Sullivan Sigitas Parulskis Sílvio Ferreira Leite Silvio Fiorani Sílvio Fiorani Smokey Robinson Sohrab Sepehri Sophia de Mello Breyner Andresen Souzalopes Susana Thénon Susie Hervatin Suzana Cano The Yes Men Thom Gunn Tim Burton Tomasz Bagiński Torquato Neto Túlia Lopes Vagner Barbosa Val Byrne Valdomiro Santana Vera Lúcia de Oliveira Vicente Werner y Sanchez Victor Giudice Vieira da Silva Vinícius de Moraes W. B. Yeats W.H. Auden Walt Disney Walter Frederick Osborne William Kentridge Willian Blake Wladimir Augusto Yves Bonnefoy Zdzisław Beksiński Zé Rodrix