On a Roll, oil on panel - Tracy Wall |
Os Perigos do Rolo Invertido
Semana passada recebi a bronca de uma leitora. Dona Adelaide. Ela assinou apenas Adelaide, o “dona” foi por minha conta, supondo que a Adelaide seja uma senhora, já que não é muito comum hoje em dia se encontrar mocinhas com esse nome, pelo menos não aqui em São Paulo, onde as meninas têm preferido se chamar Krislayne, Suélem, Carolayne, Rayenny e por aí vai. Sempre com muitos ipsílons.
Mas como eu ia dizendo, a dona Adelaide leu minha crônica no Jornal do Cambuci e me enviou um email para reclamar das efemeridades que venho escrevendo ultimamente. “Com tanta coisa séria acontecendo no mundo e o senhor só escreve essas besteiras? Francamente!”.
Fiquei pensando a respeito... Poxa, a dona Adelaide tem razão! Com uma crise dessas, as pessoas morrendo de fome na África, se explodindo vivas no Oriente Médio, essa corrupção sem fim aqui no Brasil, o SUS, esse salário que anda pela hora da morte, enfim, e eu desperdiçando este bom espaço escrevendo baboseiras?
Respondi à dona Adelaide prometendo que tratarei de assuntos mais significativos a partir de agora.
E hoje mesmo começo a cumprir a promessa.
Saúde pública, eis meu primeiro grande tema social a ser tratado aqui no nosso jornal!
Começo o artigo com uma pergunta ao cidadão que me lê? Quem está invertendo os rolos de papel higiênico nos nossos banheiros? Sim, porque não é de hoje que tenho observado essa estranha ocorrência no banheiro lá do escritório, fato que já flagrei também lá em casa. Fiz o teste: desinverti o rolo de papel lá no banheiro da firma. Em pouco tempo apareceu invertido novamente. Quem foi? Saí perguntando de mesa em mesa. Ninguém se acusou. Só riram quando perguntei. Estranho.
Como se sabe, um bom e honesto rolo de papel higiênico deve rodar para frente, nunca para trás. Consultando amigos, descobri que a inversão misteriosa dos rolos se trata de algo corriqueiro não só nas firmas como nas casas, o que me faz crer que possa ser uma ação perpetrada por gente infiltrada a mando do Governo ou de facções radicais islâmicas.
E antes que algum leitor se levante para dizer qualquer coisa, alerto: o resultado de se inverter o rolo do papel higiênico pode ser fatal e catastrófico, uma vez que invertido ele inevitavelmente resvalará na parede suja do sanitário (cheia de micróbios e bactérias das gotas de urina e respingos de cocô ali depositados) contaminando o anus, ou os genitais, de um cidadão (ou cidadã) inocente, produzindo uma poderosa infecção que, levada pelas fezes infectadas do novo hospedeiro transmissor, contaminará rios, mares e mananciais, causando uma pandemia que matará milhares, senão milhões de pessoas pelo mundo em questão de dias!
Leitor, verifique e fiscalize, em sua casa e na repartição, você também é responsável. Façamos uma campanha contra o rolo de papel higiênico invertido. Você empresário, instale câmeras em seus banheiros — como eu já fiz lá na empresa. Assim, pegaremos de calças curtas esses terroristas e os levaremos aos tribunais, à corte suprema de Haia, à forca, se preciso for!
(E agora, dona Adelaide, melhorou?)
Junho 2012
Semana passada recebi a bronca de uma leitora. Dona Adelaide. Ela assinou apenas Adelaide, o “dona” foi por minha conta, supondo que a Adelaide seja uma senhora, já que não é muito comum hoje em dia se encontrar mocinhas com esse nome, pelo menos não aqui em São Paulo, onde as meninas têm preferido se chamar Krislayne, Suélem, Carolayne, Rayenny e por aí vai. Sempre com muitos ipsílons.
Mas como eu ia dizendo, a dona Adelaide leu minha crônica no Jornal do Cambuci e me enviou um email para reclamar das efemeridades que venho escrevendo ultimamente. “Com tanta coisa séria acontecendo no mundo e o senhor só escreve essas besteiras? Francamente!”.
Fiquei pensando a respeito... Poxa, a dona Adelaide tem razão! Com uma crise dessas, as pessoas morrendo de fome na África, se explodindo vivas no Oriente Médio, essa corrupção sem fim aqui no Brasil, o SUS, esse salário que anda pela hora da morte, enfim, e eu desperdiçando este bom espaço escrevendo baboseiras?
Respondi à dona Adelaide prometendo que tratarei de assuntos mais significativos a partir de agora.
E hoje mesmo começo a cumprir a promessa.
Saúde pública, eis meu primeiro grande tema social a ser tratado aqui no nosso jornal!
Começo o artigo com uma pergunta ao cidadão que me lê? Quem está invertendo os rolos de papel higiênico nos nossos banheiros? Sim, porque não é de hoje que tenho observado essa estranha ocorrência no banheiro lá do escritório, fato que já flagrei também lá em casa. Fiz o teste: desinverti o rolo de papel lá no banheiro da firma. Em pouco tempo apareceu invertido novamente. Quem foi? Saí perguntando de mesa em mesa. Ninguém se acusou. Só riram quando perguntei. Estranho.
Como se sabe, um bom e honesto rolo de papel higiênico deve rodar para frente, nunca para trás. Consultando amigos, descobri que a inversão misteriosa dos rolos se trata de algo corriqueiro não só nas firmas como nas casas, o que me faz crer que possa ser uma ação perpetrada por gente infiltrada a mando do Governo ou de facções radicais islâmicas.
E antes que algum leitor se levante para dizer qualquer coisa, alerto: o resultado de se inverter o rolo do papel higiênico pode ser fatal e catastrófico, uma vez que invertido ele inevitavelmente resvalará na parede suja do sanitário (cheia de micróbios e bactérias das gotas de urina e respingos de cocô ali depositados) contaminando o anus, ou os genitais, de um cidadão (ou cidadã) inocente, produzindo uma poderosa infecção que, levada pelas fezes infectadas do novo hospedeiro transmissor, contaminará rios, mares e mananciais, causando uma pandemia que matará milhares, senão milhões de pessoas pelo mundo em questão de dias!
Leitor, verifique e fiscalize, em sua casa e na repartição, você também é responsável. Façamos uma campanha contra o rolo de papel higiênico invertido. Você empresário, instale câmeras em seus banheiros — como eu já fiz lá na empresa. Assim, pegaremos de calças curtas esses terroristas e os levaremos aos tribunais, à corte suprema de Haia, à forca, se preciso for!
(E agora, dona Adelaide, melhorou?)
Junho 2012
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