Pintura a óleo / madeira compensada, 1959 ~ Portinari |
Encontro de Amigos - Parte 25
São Caetano do Sul, 18 de setembro de 1974. Chovia muito naquele sábado de primavera. O dia amanhecera triste e molenga. Toninho, como normalmente fazia aos sábados pela manhã, dirigiu-se ao armazém do seu amigo Jacó para conversar sobre política e futebol, notadamente sobre o PMDB partido do qual era filiado e do Corinthians, time de futebol do qual os dois eram fiéis torcedores. Tomar uma caipirinha, ou então pegar uma carona no Mercury do Jacó e dirigir-se ao Clube Aramaçan, em São Bernardo do Campo, também era costume aos sábados. Assim que chegou Dona Izabel, mãe de Jacó, foi logo lhe dizendo:
- Dona Rosita faleceu. O Jacó foi pra lá. Nem esperou que ele a cumprimentasse e desse-lhe o beijo no rosto, gesto que ela sempre exigia dos amigos do filho.
- O que aconteceu? Perguntou Toninho.
- Não sabemos ainda. Ela amanheceu morta, disse Dona Izabel.
- Então eu vou pra lá. Se o João Pinto aparecer por aqui, a senhora, por favor, avise a ele que estamos no hospital. E, incontinente, Toninho rumou para o hospital onde o corpo estava sendo velado. Chegou lá todo molhado porque havia esquecido o guarda-chuva em casa.
O corpo ainda não estava lavado, a funerária atrasara-se por uns minutos devido à falta de água no hospital. Não tinha como dar banho no cadáver. Esperou alguns instantes do lado de fora junto com outros amigos, inclusive Jacó, que o convidou para tomar um café.
- Você sabe o que aconteceu? Perguntou Toninho.
- Até o momento o que eu sei é que ela ontem à noite não havia passado bem e a levaram para o hospital, e lá ficou, coitada. O laudo médico indica insuficiência respiratória.
- Mas ela nunca se queixou de nada, disse Toninho.
- É... mas nem sempre a gente morre do que sente, replicou Jacó, virando-se para o outro lado e apontando em direção à rua para alguém que vinha chegando.
- É o João Pinto, disse Toninho. Chama ele pra cá.
João Pinto aproximou-se do grupo, cumprimentou um a um apertando-lhes as mãos e foi postar-se ao lado de Jacó, que neste momento já se achava do lado de fora. João Pinto não tomou café. Não lhe ofereceram e nem ele pediu. Voltaram todos ao velório, onde sob a mesa lapidar jazia o corpo inerte.
O féretro foi acompanhado por parentes e amigos até o campo santo. À frente do féretro, carregando o esquife, estavam Toninho, eu, Jacó e João Pinto, amigos da família. E também, Josué, Miguel, Valdemar e Carlos, filhos da extinta.
À noite, após a realização das exéquias, dirigimo-nos a um barzinho na esquina da Rua João Pessoa com Santa Catarina para tomar um chope e descarregar as tensões do dia. Enquanto bebericavamos um gole de cerveja, discutíamos o motivo que havia levado Dona Rosita à morte, já que no dia anterior, sexta-feira, havíamos todos almoçados em sua casa, coisa que fazíamos sempre todas as semanas, cuja refeição ela mesma preparava e sentia-se feliz em nos servir.
Para nós foi uma grande perda! Não sabíamos que rumo tomar de agora em diante, já que Dona Rosita era por todos considerada a mãe ausente, a nossa mãe de São Paulo. Foi difícil esquecer sua imagem e seu amor. Ela estará sempre presente em nossa memória.
São Caetano do Sul, 18 de setembro de 1974. Chovia muito naquele sábado de primavera. O dia amanhecera triste e molenga. Toninho, como normalmente fazia aos sábados pela manhã, dirigiu-se ao armazém do seu amigo Jacó para conversar sobre política e futebol, notadamente sobre o PMDB partido do qual era filiado e do Corinthians, time de futebol do qual os dois eram fiéis torcedores. Tomar uma caipirinha, ou então pegar uma carona no Mercury do Jacó e dirigir-se ao Clube Aramaçan, em São Bernardo do Campo, também era costume aos sábados. Assim que chegou Dona Izabel, mãe de Jacó, foi logo lhe dizendo:
- Dona Rosita faleceu. O Jacó foi pra lá. Nem esperou que ele a cumprimentasse e desse-lhe o beijo no rosto, gesto que ela sempre exigia dos amigos do filho.
- O que aconteceu? Perguntou Toninho.
- Não sabemos ainda. Ela amanheceu morta, disse Dona Izabel.
- Então eu vou pra lá. Se o João Pinto aparecer por aqui, a senhora, por favor, avise a ele que estamos no hospital. E, incontinente, Toninho rumou para o hospital onde o corpo estava sendo velado. Chegou lá todo molhado porque havia esquecido o guarda-chuva em casa.
O corpo ainda não estava lavado, a funerária atrasara-se por uns minutos devido à falta de água no hospital. Não tinha como dar banho no cadáver. Esperou alguns instantes do lado de fora junto com outros amigos, inclusive Jacó, que o convidou para tomar um café.
- Você sabe o que aconteceu? Perguntou Toninho.
- Até o momento o que eu sei é que ela ontem à noite não havia passado bem e a levaram para o hospital, e lá ficou, coitada. O laudo médico indica insuficiência respiratória.
- Mas ela nunca se queixou de nada, disse Toninho.
- É... mas nem sempre a gente morre do que sente, replicou Jacó, virando-se para o outro lado e apontando em direção à rua para alguém que vinha chegando.
- É o João Pinto, disse Toninho. Chama ele pra cá.
João Pinto aproximou-se do grupo, cumprimentou um a um apertando-lhes as mãos e foi postar-se ao lado de Jacó, que neste momento já se achava do lado de fora. João Pinto não tomou café. Não lhe ofereceram e nem ele pediu. Voltaram todos ao velório, onde sob a mesa lapidar jazia o corpo inerte.
O féretro foi acompanhado por parentes e amigos até o campo santo. À frente do féretro, carregando o esquife, estavam Toninho, eu, Jacó e João Pinto, amigos da família. E também, Josué, Miguel, Valdemar e Carlos, filhos da extinta.
À noite, após a realização das exéquias, dirigimo-nos a um barzinho na esquina da Rua João Pessoa com Santa Catarina para tomar um chope e descarregar as tensões do dia. Enquanto bebericavamos um gole de cerveja, discutíamos o motivo que havia levado Dona Rosita à morte, já que no dia anterior, sexta-feira, havíamos todos almoçados em sua casa, coisa que fazíamos sempre todas as semanas, cuja refeição ela mesma preparava e sentia-se feliz em nos servir.
Para nós foi uma grande perda! Não sabíamos que rumo tomar de agora em diante, já que Dona Rosita era por todos considerada a mãe ausente, a nossa mãe de São Paulo. Foi difícil esquecer sua imagem e seu amor. Ela estará sempre presente em nossa memória.
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