Definição

... da totalidade das coisas e dos seres, do total das coisas e dos seres, do que é objeto de todo o discurso, da totalidade das coisas concretas ou abstratas, sem faltar nenhuma, de todos os atributos e qualidades, de todas as pessoas, de todo mundo, do que é importante, do que é essencial, do que realmente conta...
Em associação com Casa Pyndahýba Editora
Ano VI Número 63 - Março 2014

Showing posts with label 1213 Conto. Show all posts
Showing posts with label 1213 Conto. Show all posts

Conto - José Geraldo de Barros Martins

Ilustrações do autor


Procurando Um Livro

Josias Germano abriu aquela gaveta esperando encontrar o seu velho exemplar de “Com Vocês Antônio Maria” uma coletânea de crônicas do famoso compositor e jornalista pernambucano editada em 1994 pela Editora Paz e Terra... o motivo da busca era encontrar uma citação sobre a poesia de uma mulher dormindo, a beleza daquele corpo descansando em uma posição aconchegante...

Em vez de encontrar o tão esperado livro, ele achou seu velho álbum de fotografias das viagens que executara na década de noventa: sempre só, percorria de trem e de mochila as mais diversas cidades européias... se lembrou quando para economizar dormira em um depósito de toalhas no Hostal Vetusta em Madrid, se lembrou que quando chegou nesta cidade (a primeira que visitou no velho continente) passou três dias a base de gin, cerveja e porções de polvo, o que lhe rendeu uma tremenda infecção intestinal, lembrou-se da vernissage da exposição de Hélio Oiticica na Fundação Tapiás, em Barcelona, onde viu o cineasta Júlio Bressane deslocado, porém não teve coragem de ir lá conversar com ele (fato que se arrepende até hoje), se lembrou também da viagem de navio entre Le Havre (França) e Rosslare (Irlanda) quando para não ter que pagar cem doletas pela cabine individual, dormiu no chão da embarcação após encharcar-se de cerveja guinness e uísque irlandês, se lembrou de quando quase apanhou de quatro hooligans em Amsterdã (*), lembrou-se da emoção ao ver as obras de Agustin Lesage no Museu de Arte Brut em Lausanne no dia de seu aniversário, da seção de gravuras na British Library, em Londres, quando segurou em mãos obras de William Blake e Louis Wain, se lembrou das enormes colagens de Matisse no museu George Pompidou... vendo aquele álbum se lembrou também que só gostava de ser fotografado em movimento, por isso pedia para as pessoas tirassem fotos dele sempre andando... ele enquadrava a fotografia, passava a máquina para as mãos das pessoas que se dispunham a ajudá-lo e pedia: “quando eu estiver naquele ponto dispare a foto!”... achava que isto daria uma dinâmica das suas fotos de viagem... ele sempre caminhando....


Depois pensou que aquela época de errâncias amorosas foi marcada pelas viagens solitárias, das quais os ícones eram as fotos caminhando solitário... eram viagens na base de “manhãs e tardes em museus e noites e mais noites em bares”... pensou que muito mais tarde descobriu aquela lição óbvia que afirma que as pessoas sempre buscam fora algo que na verdade está junto a elas... então pensou nas viagens atuais com sua cara metade Marília Olávia: hotéis cheirosos ao invés dos muquifos azedos em que se hospedara, carros alugados ao invés de trens sacolejantes, vinhos e pratos elaborados ao invés de destilados, cerveja e de vez em quando alguma comida, e muito mais importante que isso: alguém com que possamos conversar, reparar juntos nos mais diversos tipos humanos, dividir impressões sobre uma paisagem, comentar o sabor de um prato, tentar adivinhar seus ingredientes, trocar impressões a respeito de alguma obra de arte, ...

Josias Germano largou o álbum e caminhou até o seu quarto... então observou sua esposa enrodilhada em um cobertor respirando suavemente...

Então finalmente ele se lembrou da frase de Antônio Maria:

“Nenhuma emoção é mais forte que a de entrar no quarto da mulher que dorme. Sentir-lhe o cheiro e o calor, no ar do quarto.”




(*) Josias Germano tomava uma cerveja em um bar em Amsterdã quando quatro hooligans sentaram ao seu redor puxando conversa de forma nada amistosa.... ele para cortar o assunto disse:
- I don't Speak english.
- Where do you come from?
- I come from to Brazil.
- Show me your passport - responderam eles.
- I don't need show my passport because my country have four Worlds Cups (este diálogo ocorreu logo após a Copa dos Estados Unidos em 1994).
Os quatro hooligans, que se diziam belgas, ficaram em silêncio, depois bateram palmas pausadamente... o nosso protagonista achou que já era a hora de ir embora, mas antes precisava terminar sua cerveja... também pegava mal sair correndo, então segurou o copo com uma mão e a garrafa com a outra e não largou até esvaziar a garrafa... sua intenção era estar com estes objetos a mão para atirá-los na cara do primeiro hooligan que viesse para cima dele... ele sabia que poderia ser espancado e que se isso ocorresse era melhor que o rosto do primeiro agressor ficasse sériamente desfigurado... os quatro mastodontes perceberam sua estratégia e gritaram para que ele soltasse o copo e a garrafa... Josias Germano olhou no fundo dos olhos do líder e reparou nos seus dentes quebrados e imundos enquanto este vociferava com a saliva escorrendo pelos cantos da boca... porém continuou segurando o copo e a garrafa até terminá-la com toda a calma do mundo... depois levantou-se e disse em bom português:

- Tchau bando de otários!!!

Conto - José Miranda Filho

Pintura a óleo / madeira compensada, 1959 ~ Portinari

Encontro de Amigos - Parte 25

São Caetano do Sul, 18 de setembro de 1974. Chovia muito naquele sábado de primavera. O dia amanhecera triste e molenga. Toninho, como normalmente fazia aos sábados pela manhã, dirigiu-se ao armazém do seu amigo Jacó para conversar sobre política e futebol, notadamente sobre o PMDB partido do qual era filiado e do Corinthians, time de futebol do qual os dois eram fiéis torcedores. Tomar uma caipirinha, ou então pegar uma carona no Mercury do Jacó e dirigir-se ao Clube Aramaçan, em São Bernardo do Campo, também era costume aos sábados. Assim que chegou Dona Izabel, mãe de Jacó, foi logo lhe dizendo:

- Dona Rosita faleceu. O Jacó foi pra lá. Nem esperou que ele a cumprimentasse e desse-lhe o beijo no rosto, gesto que ela sempre exigia dos amigos do filho.

- O que aconteceu? Perguntou Toninho.

- Não sabemos ainda. Ela amanheceu morta, disse Dona Izabel.

- Então eu vou pra lá. Se o João Pinto aparecer por aqui, a senhora, por favor, avise a ele que estamos no hospital. E, incontinente, Toninho rumou para o hospital onde o corpo estava sendo velado. Chegou lá todo molhado porque havia esquecido o guarda-chuva em casa.

O corpo ainda não estava lavado, a funerária atrasara-se por uns minutos devido à falta de água no hospital. Não tinha como dar banho no cadáver. Esperou alguns instantes do lado de fora junto com outros amigos, inclusive Jacó, que o convidou para tomar um café.

- Você sabe o que aconteceu? Perguntou Toninho.

- Até o momento o que eu sei é que ela ontem à noite não havia passado bem e a levaram para o hospital, e lá ficou, coitada. O laudo médico indica insuficiência respiratória.

- Mas ela nunca se queixou de nada, disse Toninho.

- É... mas nem sempre a gente morre do que sente, replicou Jacó, virando-se para o outro lado e apontando em direção à rua para alguém que vinha chegando.

- É o João Pinto, disse Toninho. Chama ele pra cá.

João Pinto aproximou-se do grupo, cumprimentou um a um apertando-lhes as mãos e foi postar-se ao lado de Jacó, que neste momento já se achava do lado de fora. João Pinto não tomou café. Não lhe ofereceram e nem ele pediu. Voltaram todos ao velório, onde sob a mesa lapidar jazia o corpo inerte.

O féretro foi acompanhado por parentes e amigos até o campo santo. À frente do féretro, carregando o esquife, estavam Toninho, eu, Jacó e João Pinto, amigos da família. E também, Josué, Miguel, Valdemar e Carlos, filhos da extinta.

À noite, após a realização das exéquias, dirigimo-nos a um barzinho na esquina da Rua João Pessoa com Santa Catarina para tomar um chope e descarregar as tensões do dia. Enquanto bebericavamos um gole de cerveja, discutíamos o motivo que havia levado Dona Rosita à morte, já que no dia anterior, sexta-feira, havíamos todos almoçados em sua casa, coisa que fazíamos sempre todas as semanas, cuja refeição ela mesma preparava e sentia-se feliz em nos servir.

Para nós foi uma grande perda! Não sabíamos que rumo tomar de agora em diante, já que Dona Rosita era por todos considerada a mãe ausente, a nossa mãe de São Paulo. Foi difícil esquecer sua imagem e seu amor. Ela estará sempre presente em nossa memória.

Conto - Eduardo Miranda


Jeremia Não Escrevia

Jeremia não escrevia. Jeremia pouco lia e nada escrevia. Isso durante onze meses e 3 semanas do ano. Sabe-se lá o que acontecia com Jeremia que em épocas natalinas, mais precisamente na semana que antecedia o natal, se dava a escrever, compulsivamente! Embora possa parecer bom, para Jeremia era um tormento! Jeremia escrevia para por para fora... por para fora todo aquele sentimento que, de repente, brotava em seu peito, e que ele chamava de sentimento anti-natalino, que era o oposto do espírito de natal.

Quando criança, Jeremia perguntara ao pai porque não se chamava Jeremias, e o pai respondeu “Pruque tu é um só”.

Assim era o natal de Jeremia: onde as pessoas sentiam amor, Jeremia sentia ódio, onde as pessoas sentiam compaixão, Jeremia sentia desdém, onde as pessoas sentiam solidariedade, Jeremia sentia indiferença. Mas quem conhecia Jeremia sabia que ele era uma pessoa boa. Por onze mêses e três semanas do ano, Jeremia era um exemplo de amigo, colega, vizinho. Mas quando chegava aquela semana, Jeremia se transformava... ficava desesperançado, amargo, frio, indiferente, e enquanto as pessoas se confraternizavam, Jeremia se isolava. Se isolava e escrevia Jeremia. Compulsivamente.

De pequeno Jeremia não entendia muito das coisas. Um dia perguntou para mãe se o seu Manuel da padaria havia lhe batido. A mãe estranhou e disse que não, por quê? Jeremia disse que depois que seu Manuel chegou e entrou no quarto com mãe, mãe não parou de gritar. Naquele dia Jeremia aprendeu que voltar da escola mais cedo com dor de barriga significava uma surra.

Escrevia Jeremia, Jeremia escrevia. Toda aquela amargura, tristeza, desesperança... tudo ia na escrita de Jeremia, que não via a hora disso tudo acabar. Jeremia escrevia sobre a ganância das pessoas e sua conduta moral, sobre seu caráter, sua falsidade...
(...)
Mas se são de solidariedade os tempos, de compaixão e amor ao próximo, por que não realmente pregamos esses sentimentos? Por que ainda viramos as costas para um pedinte, para depois sentirmos pena? Se não adianta dar esmolas, esmolar também não vai fazê-lo nem mais nem menos miserável, ele provavelmente sabe disso, na própria pele! Mas aquele trocado pode salvar-lhe o dia – seja para um prato de comida, seja para um trago de pinga. Quem aí vai julgar?!? O que incomoda mesmo é a presença... ah, se pudéssemos simplesmente eliminá-los! Sim, a eliminação é possível, mas não como faz a polícia de certos Estados, e sim de maneira humana! E sua arma, camarada, é a consciência – igualmente toda a força e toda a fraqueza do homem. Por isso, enquanto estiver se empaturrando de perú e cerveja, não precisa pensar que tem gente remexendo o lixo e morrendo de fome, não... seria muita hipocrisia, e de hipocrisia a humanidade já está cheia. Quando estiver enchendo o rabo de perú, desejando saúde, paz, prosperidade e harmonia para os seus amados amigos e familiares, não precisa nem se esforçar muito... apenas sinta, de verdade, e carregue esses sentimentos ano afora – eu sei, é difícil, mas garanto que vai lhe doer menos...
Nos textos, Jeremia, que nunca escrevia, punha para fora essas coisas, coisas de pai, mãe e família, que não lembrava direito, pois depois que o pai havia se matado, Jeremia muito jovem, passara o resto da infância e adolescência de orfanato em orfanato... vários. Dos irmãos Jeremia não sabia – só sabia que cada um teve um destino diferente.

Geralmente Jeremia queria ver o natal passar rápido, rasteiro, mas ultimamente a coisa vinha mudando, ano após ano! Jeremia percebia que quando escrevia, punha para fora sentimentos alheios aos outros, mas também percebia que, fora da época natalina, quando não escrevia, sentia sentimentos igualmente não compartilhados... E quando concientizou-se de que isso era mais penoso do que escrever, Jeremia deixou de querer que o natal não chegasse, para desejar que o natal não acabasse. Se ele pudesse, escreveria sem parar, numa espécie de manifesto sobre essa hipocrisia toda que alimenta as pessoas, e o próprio ciclo da vida.

Estranha figura era Jonatã, o pai de Jeremia. Não chorava, não sorria. De nada reclamava, e por ninguém sentia. Diziam que ficara assim por causa de Eleonora, mulher infiel. Não teve coragem de largá-la por causa dos filhos Jacira, Jeremia, Jildete, Joel, Juvenal e Agripina. Talvez não tanto por causa de Agripina, filha bastarda, que mais bastarda ficou quando a mãe morreu dando a luz a ela. Culpa Agripina não tinha, mas na cabeça de Jonatã, a filha bastarda era sua única desculpa.

Embora Jeremia não tenha conseguido conspirar com o universo e fazer com que o natal não acabasse, conseguiu um trato melhor: manter aquela amargura, aquele desprezo, aquele ceticismo, pelo resto do ano dentro dele, e agora só escrevia Jeremia... enlouquecido, Jeremia não comia, não bebia, não falava, não dormia... Ficou conhecido como o louco que escrevia.

Quisera Jeremia que o que escrevia mudasse o que toda gente sentia, mas Jeremia sabia que não passava de utopia, e assim escrevia Jeremia, escrevia, e apenas escrevia...

Autores

Ademir Demarchi Adriana Pessolato Adília Lopes Afobório Agustín Ubeda Alan Kenny Alberto Bresciani Alberto da Cunha Melo Aldo Votto Alejandra Pizarnik Alessandro Miranda Alexei Bueno Alexis Pomerantzeff Ali Ahmad Said Asbar Almandrade Alyssa Monks Amadeu Ferreira Ana Cristina Cesar Ana Paula Guimarães Andrew Simpson Anthony Thwaite Antonio Brasileiro Antonio Cisneros Antonio Gamoneda Antonio Romane António Nobre Ari Candido Fernandes Ari Cândido Aristides Klafke Arnaldo Xavier Atsuro Riley Aurélio de Oliveira Banksy Bertolt Brecht Bo Mathorne Bob Dylan Bruno Tolentino Calabrone Camila Alencar Carey Clarke Carla Andrade Carlos Barbosa Carlos Bonfá Carlos Drummond de Andrade Carlos Eugênio Junqueira Ayres Carlos Pena Filho Carol Ann Duffy Carolyn Crawford Cassiano Ricardo Cecília Meireles Celso de Alencar Cesar Cruz Charles Bukowski Chico Buarque de Hollanda Chico Buarque de Hollanda and Paulo Pontes Claudia Roquette-Pinto Constantine Cavafy Conteúdos Cornelius Eady Cruz e Souza Cyro de Mattos Cândido Rolim Dantas Mota David Butler Denise Freitas Desmond O’Grady Dimitris Lyacos Dino Valls Dom e Ravel Donald Teskey Donizete Galvão Donna Acheson-Juillet Dorival Fontana Dylan Thomas Décio Pignatari Edgar Allan Poe Edson Bueno de Camargo Eduardo Miranda Eduardo Sarno Eduvier Fuentes Fernández Elaine Garvey Elizabeth Bishop Enio Squeff Ernest Descals Eugénio de Andrade Evgen Bavcar Fernando Pessoa Fernando Portela Ferreira Gullar Firmino Rocha Francisco Niebro George Callaghan George Garrett Gey Espinheira Gherashim Luca Gil Scott-Heron Gilberto Nable Glauco Vilas Boas Gonçalves Dias Grant Wood Gregório de Matos Guilherme de Almeida Hamilton Faria Henri Matisse Henrique Augusto Chaudon Henry Vaughan Hilda Hilst Hughie O'Donoghue Husam Rabahia Ian Iqbal Rashid Ingeborg Bachmann Issa Touma Italo Ramos Itamar Assumpção Iulian Boldea Ivan Donn Carswell Ivan Justen Santana Ivan Titor Ivana Arruda Leite Izacyl Guimarães Ferreira Jacek Yerka Jack Butler Yeats Jackson Pollock Jacob Pinheiro Goldberg Jacques Roumain James Joyce James Merril James Wright Jan Nepomuk Neruda Jason Yarmosky Jeanette Rozsas Jim McDonald Joan Maragall i Gorina Joaquim Cardozo Joe Fenton John Doherty John Steuart Curry John Updike John Yeats Josep Daústin José Carlos de Souza José Geraldo de Barros Martins José Inácio Vieira de Melo José Miranda Filho José Paulo Paes José Ricardo Nunes José Saramago José de Almada-Negreiros João Cabral de Melo Neto João Guimarães Rosa João Werner Junqueira Ayres Kerry Shawn Keys Konstanty Ildefons Galczynski Kurt Weill Leonardo André Elwing Goldberg Lluís Llach I Grande Lou Reed Luis Serguilha Luiz Otávio Oliani Luiz Roberto Guedes Luther Lebtag Léon Laleau Lêdo Ivo Magnhild Opdol Manoel de Barros Marco Rheis Marcos Rey Mari Khnkoyan Maria do Rosário Pedreira Marina Abramović Marina Alexiou Mario Benedetti Mario Quintana Mariângela de Almeida Marly Agostini Franzin Marta Penter Marçal Aquino Masaoka Shiki Maser Matilde Damele Matthias Johannessen Michael Palmer Miguel Torga Mira Schendel Moacir Amâncio Mr. Mead Murilo Carvalho Murilo Mendes Márcio-André Mário Chamie Mário Faustino Mário de Andrade Mário de Sá-Carneiro Nadir Afonso Nuala Ní Chonchuír Nuala Ní Dhomhnaill Nâzım Hikmet Odd Nerdrum Orides Fontela Orlando Gibbons Orlando Teruz Oscar Niemeyer Osip Mandelstam Oswald de Andrade Pablo Neruda Pablo Picasso Patativa do Assaré Paul Funge Paul Henry Paulo Afonso da Silva Pinto Paulo Cancela de Abreu Paulo Henriques Britto Paulo Leminski Pedro Du Bois Pedro Lemebel Pete Doherty Petya Stoykova Dubarova Pink Floyd Plínio de Aguiar Pádraig Mac Piarais Qi Baishi Rafael Mantovani Ragnar Lagerbald Raquel Naveira Raul Bopp Regina Alonso Renato Borgomoni Renato Rezende Renato de Almeida Martins Ricardo Portugal Ricardo Primo Portugal Ronald Augusto Roniwalter Jatobá Rowena Dring Rui Carvalho Homem Rui Lage Ruy Belo Ruy Espinheira Filho Ruzbihan al-Shirazi Régis Bonvicino Salvado Dalí Sandra Ciccone Ginez Santiago de Novais Saúl Dias Scott Scheidly Seamus Heaney Sebastian Guerrini Sebastià Alzamora Shahram Karimi Shorsha Sullivan Sigitas Parulskis Silvio Fiorani Smokey Robinson Sohrab Sepehri Sophia de Mello Breyner Andresen Souzalopes Susana Thénon Susie Hervatin Suzana Cano Sílvio Ferreira Leite Sílvio Fiorani The Yes Men Thom Gunn Tim Burton Tomasz Bagiński Torquato Neto Túlia Lopes Vagner Barbosa Val Byrne Valdomiro Santana Vera Lúcia de Oliveira Vicente Werner y Sanchez Victor Giudice Vieira da Silva Vinícius de Moraes W. B. Yeats W.H. Auden Walt Disney Walter Frederick Osborne William Kentridge Willian Blake Wladimir Augusto Yves Bonnefoy Zdzisław Beksiński Zé Rodrix Álvaro de Campos Éle Semog