Autumn Abandonment ~ photo by Bethany Helzer |
A casa continua viva,
na rua desabitada
sem número.
As paredes rústicas
cercam sonhos,
assentam tijolos nus.
A escada antiga
descende melancolia,
já não conduz.
Varal hasteando farrapos
goteja ferrugem
no chão de cimento cru.
Aranhas de jardim
tecem vagarosos fios
entre solitários canteiros.
A panela suspira aroma caseiro,
sons em preto em branco,
o bairro de uma rua só.
A mobília respira poeira,
o mofo nas veias...
pulsa coração de tábuas e areia.
Nas fissuras do passeio
formigas transitam invisíveis...
todas pelo formigueiro.
As crianças correm pela casa,
o menino chuta a bola,
o cachorro atrás do rabo.
Do assoalho rosa peroba
passos risos vozes
ecoam a lembrança.
A janela espia a rua.
A mãe espreita os filhos.
Deus vigia a todos.
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