Definição

... da totalidade das coisas e dos seres, do total das coisas e dos seres, do que é objeto de todo o discurso, da totalidade das coisas concretas ou abstratas, sem faltar nenhuma, de todos os atributos e qualidades, de todas as pessoas, de todo mundo, do que é importante, do que é essencial, do que realmente conta...
Em associação com Casa Pyndahýba Editora
Ano VI Número 63 - Março 2014

Showing posts with label 0313 Poesia. Show all posts
Showing posts with label 0313 Poesia. Show all posts

Poesia - Arnaldo Xavier

Bone Heart, 48"x48" Spray Enamel on wood panel.
Ricardo Porven

subsenhor     Contraluz saio desta moldura           A deixar n'olhar
movediço de pêra decomposta     vazio pulso cortado     a abreviar
páramos campos galáxias     rastro sanguiluminoso    dest'Acauã
como mão vermelha passa pela fresta opaca do bolso    A ostentar entre
o espelho e a pedra     o brilho e o pó     O coração como se fosse um o$$o


[ in Lud-Lud, Casa Pyndahýba Editora, São Paulo, 1998 ]

Poesia - Aristides Klafke

Even Fiends Need Friends, by Andy Kehoe

3

Pego o P da tecla e o ponho de pausa
Pego o P -- de novo -- e o ponho de pus
Pô-lo de pus depois da pausa veio natural
Meu modo de escrever é assim
O P em minha mão vira pirueta
E para papagaiar a linguagem
Espremo um ponto como espremo um Q
Pego o ponto, e o Q, o bagaço do ponto, e do Q
E os sugo pelo orgasmo que eles dão
Escrevo qama, não cama. Qafka não Kafka
O uso em Qabral, Qamões, Qasmurro...
Com a lingua qabocla que possuo
Falo do amor fadado a rascunho
Do amor pelo eterno indeterminado
Pelo branco, pelo vago, pelo ausente
Escrevo de graça, fiado
Por capricho escrevo francamente
Desfruto de cada sentença
E fé na humanidade -que coisa inclemente!
É o que me faz compor este poema
Por regozijo (palavra é fogo!)
Invoco Dionísio e seus ditirambos
E para o deleite de visionários e videntes
Digo obrigado, muito obrigado, e terra à vista!

[ in Quebrada, inédito ]

Poesia - Plínio de Aguiar


Dream - Jacek Yerka
FRAGPÓLITO

danço Pulp Fiction abraçando John Travolta com
braços de inveja
vivo enfim abraçado dançando com a memória vivo
porque não sei fazer outra coisa
como dançar twist sob olhar de Tarantino e deuses
olímpicos

vejo a cabeça do poeta Firmino
refletindo calva Rocha
sol itabunense

(suas mãos partiam cacau
roubado pelo latifundiário
escondido no bolso do paletó
escondido do salário)

“Mãe!”
o rio Cachoeira só poderia sugerir
cachaça para molhar o silêncio

a madrugada vem com seus motores
de combustão ultrapassada
domingo
o tempo tem gosto de ressaca

na cabeça apoiada ao travesseiro
o futuro planeja o assassinato da matéria

olhe
a máquina tem muitos ouvidos
a cama muitos fantasmas

é incrível como uma boca pode erguer-se nítida
comendo o sol o milho o papel mantido
não é um corpo só
são dois
três
Infinito de limites porosos

e então fico
e então digo a necessidade de amanhecer entre pedras
é um amigo que responde
é amante que sobe a escada de quatro pés
e beija a porta
e clama a morta luz do luar

que solidão desaparece no abraço?
que morta paz se encontra na sola do sapato
coberta do pó da revolta?
que invenção pode demonstrar a dimensão
revelada dos olhos?
qual é a mansão que contém verdadeiros recônditos
do pé?
qual é?
sonho infinitamente com uma cor que não
corresponderia a um coração desejado

anos oitenta ângela nolasco
sombras coloridas de ontem
outras
correntes
ignoram a luz

sombras sacadas de coldres
como dizer?
fui criado para consolar passado
manter passo
sobre flores

sombras
claro
de seios
cheiro de musas desvirginadas
sombras sobre pedregulhos
arrastam palavras

que nos fez nascer que nos faz morrer
dia a dia nas veias ossos até nos planos
mínimos máximos toque e reverso
de toque o inverso universo o diverso
quem?

que nos fez que nos faz e cabe nos extremos
a articulação da pergunta lá
e cá o degrau
degrau degrau degrau
infinitamente multipliquem-se por quatro

venha
o sonho tem quatro partes
o desconhecido acidente da liberdade
o ódio da mãe
o continente mal feito da barba
o ouvido que não tem o olho necessário para
saborear

anfiteatro
aterradoras
mãos
contato ausente
ressonante
peito infla-se sente
que o rosto
mantém
o dia
amarrado como uma máscara

esqueço a personagem mitológica
enfio-me em teus cabelos
imagino víboras lavadíssimas
com xampu
cuidadosamente despenteadas
esqueço as serpentes um momento
e pergunto por que tantos sapatos
de altos saltos

enfio o nariz
surpreende-me sempre
o aroma industrial

há outros caminhos
distantes de violinos
de parnasos pavões finos

há com certeza outros ilhéus

William S. Burroughs
late show “listen to my
heartbeat”

na bunda quente
de Laurie Anderson

sem ser exata, vez em quando
poesia arrisca-se matemática
lata
de muito canto muito puro rápido
encanto
não exata
é torpedo em peito indefeso
não é grata a metros
forjados no laço da última flor
do Lácio
nem exibição de palavra

mas contenção de rios mais roda
menos caminho

em busca de século e sangue
ritos invento nas cidades e
espaços onde rodopiam
desejos
poesia não é exata
mas lata
com 11 038 acasos
ricto desdentado do velho em farrapo
no terminal rodoviário
                                      

Poesia - Santiago de Novais



Foto enviada pelo autor
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B4nia_de_Moraes_Angel
mantra tropicalista tudiano

velas ao vento vamos visitar o poleiro onde se penduram inteligentsia tropical e ex-comunnards arrempedidos de Rolex pero com seus chocalhos de cascavéis os Bons Selvagens
e uma banana de Chiquita e uma piriquita e agora é que fudeu, Fidel está velho e o poeta está morto  e quando o poeta morre morto  vento solar morre o salar morre a brisa e rebolados

a hora de Marx e o capital era a boa hora mais bonita do dia na Sibéria da OBAN, a rinha
o voto                   que vi                    o disco voador                   quase fui hippie
a prisão                que li                     versicolor                            senticalooor
o anti-bossanova             que fiz  sem caetano      alalao ôÔô                           perdi a voz
o jovem guarda                 indiferente passou          colada por mim

O Vargas  tal o  Gama e Silva  e todos se fuderam de tardinha na Moldávia da Marinha

dois exilados em Londres não fosse Jards teriam voltado antigos baianos + Macalelé nada
o minuto
que quis
amor
passou

patifaria, diria, todos  os revolucionários anti-sistema burguês-exploração operária
hoje nababos do capitalismo e sua baba viscosa tão Lula ou O Grande Falso trotskista
 sua neo-personalidade-burguesa-patife na brisa da maresia rica da mais valia

Oh!paulistas bolcheviques sindicais e tropicalistas novos  neo-capitalistas semióticos
o mesmo que um leite azedo o mesmo que braço de urso touche pas à mon pot

agora todo  bonitinho no Mall no Beaubourg   comendo  trabalho escravo e praquê então se vestiu e saiu e se pintou e foi no Chacrinha e chorou o exílio e disse Solidarnosc e se calou na morte da Sister Dorothy  a destruição da Amazônia o amor livre o poema envenenado e MR8?
E aquela  doidona com  filha gerada no disco voador que agora é pastora anti-gay tal prole  do ser um homem feminino não fere meu lado masculino se Deus é menino e menina?

velas ao vento! quem mandou todos usarem sálvia e não serem Mautner ou Blavatsky



Autores

Ademir Demarchi Adriana Pessolato Adília Lopes Afobório Agustín Ubeda Alan Kenny Alberto Bresciani Alberto da Cunha Melo Aldo Votto Alejandra Pizarnik Alessandro Miranda Alexei Bueno Alexis Pomerantzeff Ali Ahmad Said Asbar Almandrade Alyssa Monks Amadeu Ferreira Ana Cristina Cesar Ana Paula Guimarães Andrew Simpson Anthony Thwaite Antonio Brasileiro Antonio Cisneros Antonio Gamoneda Antonio Romane António Nobre Ari Candido Fernandes Ari Cândido Aristides Klafke Arnaldo Xavier Atsuro Riley Aurélio de Oliveira Banksy Bertolt Brecht Bo Mathorne Bob Dylan Bruno Tolentino Calabrone Camila Alencar Carey Clarke Carla Andrade Carlos Barbosa Carlos Bonfá Carlos Drummond de Andrade Carlos Eugênio Junqueira Ayres Carlos Pena Filho Carol Ann Duffy Carolyn Crawford Cassiano Ricardo Cecília Meireles Celso de Alencar Cesar Cruz Charles Bukowski Chico Buarque de Hollanda Chico Buarque de Hollanda and Paulo Pontes Claudia Roquette-Pinto Constantine Cavafy Conteúdos Cornelius Eady Cruz e Souza Cyro de Mattos Cândido Rolim Dantas Mota David Butler Denise Freitas Desmond O’Grady Dimitris Lyacos Dino Valls Dom e Ravel Donald Teskey Donizete Galvão Donna Acheson-Juillet Dorival Fontana Dylan Thomas Décio Pignatari Edgar Allan Poe Edson Bueno de Camargo Eduardo Miranda Eduardo Sarno Eduvier Fuentes Fernández Elaine Garvey Elizabeth Bishop Enio Squeff Ernest Descals Eugénio de Andrade Evgen Bavcar Fernando Pessoa Fernando Portela Ferreira Gullar Firmino Rocha Francisco Niebro George Callaghan George Garrett Gey Espinheira Gherashim Luca Gil Scott-Heron Gilberto Nable Glauco Vilas Boas Gonçalves Dias Grant Wood Gregório de Matos Guilherme de Almeida Hamilton Faria Henri Matisse Henrique Augusto Chaudon Henry Vaughan Hilda Hilst Hughie O'Donoghue Husam Rabahia Ian Iqbal Rashid Ingeborg Bachmann Issa Touma Italo Ramos Itamar Assumpção Iulian Boldea Ivan Donn Carswell Ivan Justen Santana Ivan Titor Ivana Arruda Leite Izacyl Guimarães Ferreira Jacek Yerka Jack Butler Yeats Jackson Pollock Jacob Pinheiro Goldberg Jacques Roumain James Joyce James Merril James Wright Jan Nepomuk Neruda Jason Yarmosky Jeanette Rozsas Jim McDonald Joan Maragall i Gorina Joaquim Cardozo Joe Fenton John Doherty John Steuart Curry John Updike John Yeats Josep Daústin José Carlos de Souza José Geraldo de Barros Martins José Inácio Vieira de Melo José Miranda Filho José Paulo Paes José Ricardo Nunes José Saramago José de Almada-Negreiros João Cabral de Melo Neto João Guimarães Rosa João Werner Junqueira Ayres Kerry Shawn Keys Konstanty Ildefons Galczynski Kurt Weill Leonardo André Elwing Goldberg Lluís Llach I Grande Lou Reed Luis Serguilha Luiz Otávio Oliani Luiz Roberto Guedes Luther Lebtag Léon Laleau Lêdo Ivo Magnhild Opdol Manoel de Barros Marco Rheis Marcos Rey Mari Khnkoyan Maria do Rosário Pedreira Marina Abramović Marina Alexiou Mario Benedetti Mario Quintana Mariângela de Almeida Marly Agostini Franzin Marta Penter Marçal Aquino Masaoka Shiki Maser Matilde Damele Matthias Johannessen Michael Palmer Miguel Torga Mira Schendel Moacir Amâncio Mr. Mead Murilo Carvalho Murilo Mendes Márcio-André Mário Chamie Mário Faustino Mário de Andrade Mário de Sá-Carneiro Nadir Afonso Nuala Ní Chonchuír Nuala Ní Dhomhnaill Nâzım Hikmet Odd Nerdrum Orides Fontela Orlando Gibbons Orlando Teruz Oscar Niemeyer Osip Mandelstam Oswald de Andrade Pablo Neruda Pablo Picasso Patativa do Assaré Paul Funge Paul Henry Paulo Afonso da Silva Pinto Paulo Cancela de Abreu Paulo Henriques Britto Paulo Leminski Pedro Du Bois Pedro Lemebel Pete Doherty Petya Stoykova Dubarova Pink Floyd Plínio de Aguiar Pádraig Mac Piarais Qi Baishi Rafael Mantovani Ragnar Lagerbald Raquel Naveira Raul Bopp Regina Alonso Renato Borgomoni Renato Rezende Renato de Almeida Martins Ricardo Portugal Ricardo Primo Portugal Ronald Augusto Roniwalter Jatobá Rowena Dring Rui Carvalho Homem Rui Lage Ruy Belo Ruy Espinheira Filho Ruzbihan al-Shirazi Régis Bonvicino Salvado Dalí Sandra Ciccone Ginez Santiago de Novais Saúl Dias Scott Scheidly Seamus Heaney Sebastian Guerrini Sebastià Alzamora Shahram Karimi Shorsha Sullivan Sigitas Parulskis Silvio Fiorani Smokey Robinson Sohrab Sepehri Sophia de Mello Breyner Andresen Souzalopes Susana Thénon Susie Hervatin Suzana Cano Sílvio Ferreira Leite Sílvio Fiorani The Yes Men Thom Gunn Tim Burton Tomasz Bagiński Torquato Neto Túlia Lopes Vagner Barbosa Val Byrne Valdomiro Santana Vera Lúcia de Oliveira Vicente Werner y Sanchez Victor Giudice Vieira da Silva Vinícius de Moraes W. B. Yeats W.H. Auden Walt Disney Walter Frederick Osborne William Kentridge Willian Blake Wladimir Augusto Yves Bonnefoy Zdzisław Beksiński Zé Rodrix Álvaro de Campos Éle Semog