Afinal
I
Finalmente, após a realização das semifinais do Mundial da Àfrica do Sul, deu-se o esperado: a Grande Final seria Brasil e Argentina... finalmente uma Copa do Mundo terminaria com o clássico sul-americano, aquele que expressa a maior rivalidade do planeta: de um lado a escola de Pelé e Garrincha de outro a escola de Di Stéfano e Maradona... De um lado os brasileiros emboabas e barrigudos, porém orgulhosos das cinco estrelas que estão pousadas sobre o distintivo da camisa... do outro os argentinos com seus mulets terríveis, jurando que Maradona foi melhor que Pelé...
No Bar do Dimas estavam mais uma vez os quatro amigos... desde a Copa de 1982 eles assistem todos os jogos do escrete canarinho naquele mesmo lugar.. .chegaram até mesmo a pensar em mudar de bar, pois acharam que o lugar estava dando azar, afinal o desastre em Sarriá, a eliminação nos pênaltis contra os gauleses no México, a humilhante derrota nas oitavas de final frente os argentinos em 1990... Mas o Brasil foi campeão em 1994 e eles esqueceram esta ideia... agora, após o fracasso em Paris no ano de 1998, ao Pentacampeonato em solo nipônico em 2002 e a balada irresponsável de 2006, eles estavam reunidos para mais uma vez apreciar os jogos de uma Copa do Mundo... desta vez porém havia algo diferente... Era a mudança na vida de Deoclécio.
II
Dos quatro amigos Deoclécio, Joelton, Rubiney e Alcebíades, o primeiro era o mais brilhante, porém andava muito deprimido... No começo do ano chegara a pensar em suicídio, um dia, em meados de Março, neste mesmo bar em uma conversa com Joelton... confessou que não queria mais viver...
Joelton encarou-o e disse em tom irônico:
E então você vai perder a final desta Copa, Brasil e Argentina???
Deoclécio ficou um instante em silêncio, depois perguntou:
Mas, como você pode ter certeza de que será Brasil e Argentina???
Ora, os times europeus só jogam no próprio continente, nunca ganharam uma Copa do Mundo fora da Europa, parece time carioca que só joga no Maracanã... enquanto os times africanos não levam o jogo suficientemente a sério, são eliminados da Copa do Mundo e saem dançando... não, deste jeito não dá... de modo que só restam Brasil e Argentina para o título... ou um ou outro...
Neste momento Deoclécio percebeu que o que vale a pena na vida são os pequenos momentos, só eles é que importam... e quais seriam estes pequenos momentos??? O sabor de uma paçoca, as músicas de Braguinha, o doce olhar de sua esposa, e uma final Brasil e Argentina...
III
Deoclécio agora era outro homem, o sucesso lhe sorria com dentes gargalhantes, mas agora ele sabia que o dinheiro, a glória não eram o que mais valiam... o que vale mesmo eram os pequenos grandes eventos, por isto cancelara um compromisso importante para estar lá com os amigos, assistindo o escrete canarinho, tomando cerveja gelada e proferindo frases filosóficas:
- Não entendo a Itália, o país tem quatro títulos mundiais e não tem nenhum craque...
- E o Paulo Rossi?
- Não, o Paulo Rossi não é um craque, não no nível do Pelé, do Cruyiff, do Maradona, de Beckenbauer, de Zidane, etc...
- Vejam a roupa do Dunga... até parece um taxista...
- Vamos parar com a conversa!!! O jogo vai começar!!! E como diria um famoso locutor: - “Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo...”
I
Finalmente, após a realização das semifinais do Mundial da Àfrica do Sul, deu-se o esperado: a Grande Final seria Brasil e Argentina... finalmente uma Copa do Mundo terminaria com o clássico sul-americano, aquele que expressa a maior rivalidade do planeta: de um lado a escola de Pelé e Garrincha de outro a escola de Di Stéfano e Maradona... De um lado os brasileiros emboabas e barrigudos, porém orgulhosos das cinco estrelas que estão pousadas sobre o distintivo da camisa... do outro os argentinos com seus mulets terríveis, jurando que Maradona foi melhor que Pelé...
No Bar do Dimas estavam mais uma vez os quatro amigos... desde a Copa de 1982 eles assistem todos os jogos do escrete canarinho naquele mesmo lugar.. .chegaram até mesmo a pensar em mudar de bar, pois acharam que o lugar estava dando azar, afinal o desastre em Sarriá, a eliminação nos pênaltis contra os gauleses no México, a humilhante derrota nas oitavas de final frente os argentinos em 1990... Mas o Brasil foi campeão em 1994 e eles esqueceram esta ideia... agora, após o fracasso em Paris no ano de 1998, ao Pentacampeonato em solo nipônico em 2002 e a balada irresponsável de 2006, eles estavam reunidos para mais uma vez apreciar os jogos de uma Copa do Mundo... desta vez porém havia algo diferente... Era a mudança na vida de Deoclécio.
II
Dos quatro amigos Deoclécio, Joelton, Rubiney e Alcebíades, o primeiro era o mais brilhante, porém andava muito deprimido... No começo do ano chegara a pensar em suicídio, um dia, em meados de Março, neste mesmo bar em uma conversa com Joelton... confessou que não queria mais viver...
Joelton encarou-o e disse em tom irônico:
E então você vai perder a final desta Copa, Brasil e Argentina???
Deoclécio ficou um instante em silêncio, depois perguntou:
Mas, como você pode ter certeza de que será Brasil e Argentina???
Ora, os times europeus só jogam no próprio continente, nunca ganharam uma Copa do Mundo fora da Europa, parece time carioca que só joga no Maracanã... enquanto os times africanos não levam o jogo suficientemente a sério, são eliminados da Copa do Mundo e saem dançando... não, deste jeito não dá... de modo que só restam Brasil e Argentina para o título... ou um ou outro...
Neste momento Deoclécio percebeu que o que vale a pena na vida são os pequenos momentos, só eles é que importam... e quais seriam estes pequenos momentos??? O sabor de uma paçoca, as músicas de Braguinha, o doce olhar de sua esposa, e uma final Brasil e Argentina...
III
Deoclécio agora era outro homem, o sucesso lhe sorria com dentes gargalhantes, mas agora ele sabia que o dinheiro, a glória não eram o que mais valiam... o que vale mesmo eram os pequenos grandes eventos, por isto cancelara um compromisso importante para estar lá com os amigos, assistindo o escrete canarinho, tomando cerveja gelada e proferindo frases filosóficas:
- Não entendo a Itália, o país tem quatro títulos mundiais e não tem nenhum craque...
- E o Paulo Rossi?
- Não, o Paulo Rossi não é um craque, não no nível do Pelé, do Cruyiff, do Maradona, de Beckenbauer, de Zidane, etc...
- Vejam a roupa do Dunga... até parece um taxista...
- Vamos parar com a conversa!!! O jogo vai começar!!! E como diria um famoso locutor: - “Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo...”
José Geraldo De Barros Martins é de São Paulo. Músico, pintor e escritor, desde 2001 publica seus desenhos e escritos no blog http://zegeraldo.free.fr.
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