Mergulho, João Werner - pintura digital 30x40cm.
MERGULHOAbaixo da superfície de arrepio da nesga de mar
Que vejo sentado no sofá na sala na manhã
Devem estar peixes, diversas cores, tamanhos,
Formatos diferentes no padrão de nado e guelras,
Escamados e encourados com listras e pintas
Que não eliminam a possibilidade de desejo.
Abaixo da superfície de arranhões da faixa de mar
Que sinto nos olhos parados estariam começo
E fim, vulcões, serpentes e pentes de sereias
Verdes, o próprio enigma de estar o que poderia
Não estar no trocadilho de horas enferrujadas,
dados do polifemo, Ulisses, regressos calados.
Abaixo da superfície de violência de sobra de mar
Que noto entre copas de árvores funciona usina,
Vultos submergindo-se originados de albumina
Mergulhando no verbo pronunciado em encontro
De águas, espuma, sonhos, argila. Guitarras
Emergem surpresas presas à quilha do último beijo.
SSA, maio 2010
Plínio de Aguiar viveu no México por quatro anos, quando fez cursos de pós-graduação em antropologia, educação e filosofia. É autor dos livros de poemas Lira rústica (2005) e Buraco na meia (2009), publicados pela Booklink Editora, Rio de Janeiro.
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