Arte feita por insetos - concepção do artista Steven R. Kutcher.
O Bosque
11 horas. Instante a mais
Folha cairá sobre o chão
Amarelo insistirá no brilho.
Formigas miram paralíticas
Folhas ainda não caídas
ao chão. Raízes aguardam
Minerais subirem aos caules,
Bosque em verde, estagnado.
O sol permanece igual a igual
Pássaro rígido canto no ar.
No muro em torno do bosque
Jóias lagartixas incrustadas
Guardam insetos nas retinas.
De repente 11 horas já não
Mais são, existem 11 e grão.
Folhas ao chão vêm ao pouso
Formigas movimentam pernas
Insetos tentam fugas no muro.
SSA, maio 2010
Plínio de Aguiar viveu no México por quatro anos, quando fez cursos de pós-graduação em antropologia, educação e filosofia. É autor dos livros de poemas Lira rústica (2005) e Buraco na meia (2009), publicados pela Booklink Editora, Rio de Janeiro.
2 comments:
caro Plínio,
li seu belo poema, e com imenso prazer.
Você capta a força e vida que há em torno de si, inclusive - e precisamente - em objetos que escapam à atenção geral.
Mas não é isto que define o poeta?
grande abraço,
Ana Cecília
Plínio, el Viejo
Minha relação com a poesia se cristalizou com a leitura de seus poemas. Hoje sou um leitor que se sofisticou pela abetura que sua obra provoca.
Poesia forte, até áspera, mas que estende a consciencia a olhar o mundo de modo reativo. Belo poema, este O Bosque, onde se vislumbra o tempo pela sua suspensão, narrativa reptílica, poeta à espreita do real, poema bote, e os rastros tensionados da ilustração de Steven Kutcher corroboram o sentido Pliniano. Bravo!
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