O Famoso e Polêmico Padre Orozimbo Bongiovanni
“De lá subiu a Betel; ao subir pelo caminho, uns rapazinhos que sairam da cidade zombaram dele, dizendo: “Sobe, careca! Sobe, careca!” Eliseu virou-se, olhou para eles e os amaldiçoou em nome de Iahweh. Então saíram do bosque duas ursas e despedaçaram quarenta e dois deles. ” ( Reis ll 2:23-24 )
Esta passagem do Velho Testamento marcava o início de mais um sermão do Padre Orozimbo Bongiovanni, pároco de Capinzinho, uma cidade do oeste paranaense que devido seu decréscimo populacional deixou de figurar no mapa do estado em meados da década de sessenta. Sua aversão a crianças sempre fora notória, ao ser questionado pelos fiéis sobre a passagem na qual o Nazareno disse:
“Deixai as crianças virem a mim, não a impeçais, pois delas é o Reino de Deus.” ( Marcos 10:14 ),
ele repondia com uma tese obscura na qual, o sol do deserto teria causado danos à vista de São Jerônimo e quando este transcreveu os textos do hebraico e grego para o latim, criando a Vulgata ( o latim atual ), traduziu equivocadamente a palavra “humildes” por “crianças”…
A homilia daquele domingo transcorria em ritmo desenfreado, como era de costume, na verdade o nosso protagonista já não lembrava mais por onde havia começado aquele discurso, cuja retórica caledoscópica fazia com que os presentes perdessem todo e qualquer vínculo com a realidade… quando de repente, não mais que de repente ele interrompe o sermão e do alto do púlpito grita:
-”E você aí na terceira fila, que está mascando chiclé, o que pensa do que eu estou dizendo???!!!”
Todos olharam para a criança com cerca de dez ou onze anos, que vestida com uma camisa listrada verde e branca sob um macacão laranja, usando uma espécie de boné que cobria as orelhas, olhava indolentemente para o infinito…
– ” Ora, o que o senhor diz, qualquer um pode dizer…” respondeu o pequenino alegre a exalar o seu suor infantil.
-”Como assim? qualquer um…?”
-”Ora, qualquer um qualquer um…”
-“Ah é??? Você está me desafiando??? … então venha cá e reze a missa em meu lugar!!!”.
-“Em português ou em latim?
O Padre Orozimbo olhou fulminantemente para a inocente infante, achando que a combinação de sua expressão facial com o silêncio seria suficiente para intimidar o desafiante mirim.
Porém este avançou lépido até o altar, virou-se para todos que o assistiam e disse:
“Credo in unum Deum,
Patrem omnipotenten,
factorem coeli et terrae,
Visibilum omnium et in visibilum…”
Meia hora depois o pequenino encerrava a missa sob o olhar atônito dos presentes. O nosso protagonista nunca mais foi visto em Capinzinho, alguns dizem que atualmente ele é sorveteiro no subúrbio de Nova Igaçu, outros que é preparador de goleiros do Anapolina...
“De lá subiu a Betel; ao subir pelo caminho, uns rapazinhos que sairam da cidade zombaram dele, dizendo: “Sobe, careca! Sobe, careca!” Eliseu virou-se, olhou para eles e os amaldiçoou em nome de Iahweh. Então saíram do bosque duas ursas e despedaçaram quarenta e dois deles. ” ( Reis ll 2:23-24 )
Esta passagem do Velho Testamento marcava o início de mais um sermão do Padre Orozimbo Bongiovanni, pároco de Capinzinho, uma cidade do oeste paranaense que devido seu decréscimo populacional deixou de figurar no mapa do estado em meados da década de sessenta. Sua aversão a crianças sempre fora notória, ao ser questionado pelos fiéis sobre a passagem na qual o Nazareno disse:
“Deixai as crianças virem a mim, não a impeçais, pois delas é o Reino de Deus.” ( Marcos 10:14 ),
ele repondia com uma tese obscura na qual, o sol do deserto teria causado danos à vista de São Jerônimo e quando este transcreveu os textos do hebraico e grego para o latim, criando a Vulgata ( o latim atual ), traduziu equivocadamente a palavra “humildes” por “crianças”…
A homilia daquele domingo transcorria em ritmo desenfreado, como era de costume, na verdade o nosso protagonista já não lembrava mais por onde havia começado aquele discurso, cuja retórica caledoscópica fazia com que os presentes perdessem todo e qualquer vínculo com a realidade… quando de repente, não mais que de repente ele interrompe o sermão e do alto do púlpito grita:
-”E você aí na terceira fila, que está mascando chiclé, o que pensa do que eu estou dizendo???!!!”
Todos olharam para a criança com cerca de dez ou onze anos, que vestida com uma camisa listrada verde e branca sob um macacão laranja, usando uma espécie de boné que cobria as orelhas, olhava indolentemente para o infinito…
– ” Ora, o que o senhor diz, qualquer um pode dizer…” respondeu o pequenino alegre a exalar o seu suor infantil.
-”Como assim? qualquer um…?”
-”Ora, qualquer um qualquer um…”
-“Ah é??? Você está me desafiando??? … então venha cá e reze a missa em meu lugar!!!”.
-“Em português ou em latim?
O Padre Orozimbo olhou fulminantemente para a inocente infante, achando que a combinação de sua expressão facial com o silêncio seria suficiente para intimidar o desafiante mirim.
Porém este avançou lépido até o altar, virou-se para todos que o assistiam e disse:
“Credo in unum Deum,
Patrem omnipotenten,
factorem coeli et terrae,
Visibilum omnium et in visibilum…”
Meia hora depois o pequenino encerrava a missa sob o olhar atônito dos presentes. O nosso protagonista nunca mais foi visto em Capinzinho, alguns dizem que atualmente ele é sorveteiro no subúrbio de Nova Igaçu, outros que é preparador de goleiros do Anapolina...
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