Louis-Auguste Cezanne, 1865, by Paul Cézanne |
Terra Arrasada
Oi, Baby!
Você já tinha reparado que nunca nos falamos por carta? Acho que esta será a primeira vez em quinze anos. Esquisito, né?
Você se lembra quando estivemos aqui pela primeira vez? Nossa! Quanto tempo, hein? Foi há 12 anos, eu me lembro bem do dia...
Éramos noivos e, naquele sábado, fazia um sol bem bonito, e tínhamos ficado desde cedo no sítio daquele casal de amigos seus, da faculdade, tinha rolado um churrasco gostoso, com futebol e piscina, e quando saímos já eram umas quatro da tarde (Raquel e o Lúcio ou Luciano, acho que eram esses os nomes deles; aliás, estarão morando em São Paulo ainda, Baby? Continuam casados? Tiveram filhos? De repente, me ocorreu um pensamento utilitário: será que na casa deles haverá um canto, uma edícula sobrando?). Você tinha aquele Uno vermelho, com nossos cheiros enraizados no tecido gasto do banco de trás. Bons tempos!
Lembro que íamos subindo pela Lapa e, assim que cruzamos a Cerro Corá e começamos a descer a Toneleros, você freou o carro tão forte que quase dei com o rosto no painel. Que foi?, eu perguntei. Você nem me respondeu. Debruçado sobre o volante, olhava para cima, através do para-brisa, como uma criança encantada com uma árvore enorme. Olha essa casa, você falou, com ar bestificado, está para alugar. Descemos do carro. Ligamos do orelhão para o número que constava na placa de aluga-se espetada no jardim. Em meia hora, o corretor chegou para abrir a casa. Lembra quando a gente entrou aqui, nesta sala, Baby? Lembra deste cheiro gostoso da madeira rústica? Ela estava assim, vazia, vazia, como agora, o pé-direito de cinco metros, o piso de longas tábuas largas de madeira antiga, com esse ranger charmoso, que depois o peso dos móveis anulou um pouco, além dos janelões de madeira, lindos!
Alugamos a casa e nos casamos logo depois. Que época boa...! Dali a três anos, quando você começou a ganhar melhor na firma (bem, começou a ganhar melhor é um eufemismo, né? Digamos que sua “retirada” tenha quintuplicado), fizemos uma oferta ao proprietário e a compramos. Você lembra da festa que fizemos, Baby? Só eu e você, rolando neste chão à noite?
A casa sobreviveu a nós, veja só... Quantas gerações já não viveram e fizeram as suas histórias aqui, e quantas ainda não o farão? E eu devo admitir que você foi mesmo um visionário. Ah, sim! Esta casa é linda, Baby, parabéns por tê-la visto, apreciado e compreendido antes de mim. Terei saudades daqui...
Mas me conta, você está surpreso? Fico aqui imaginando o susto, a sensação de desproteção que estará tomando conta de você agora, nesse exato instante. Qual sua cara diante da novidade? Olha, faz tempo que eu quero te fazer essa surpresa! Você me perdoa pela demora? É que para operacionalizar tudo, Baby, para encaixarmos todas as tarefas em meras doze horas (da hora que você sai pela manhã até a hora em que volta à noite), foi uma tarefa de projetista japonês. Sério! E eu e papai fizemos tudo sozinhos. Papai é um gênio, Valdir, você não acreditaria. Ele fez tudo por escrito, com croquis, desenhos esquemáticos, cálculos de horário, a compra das passagens, as nossas necessidades todas, as escalas que faremos e o nosso destino final, só você vendo. Só agora depois que mamãe morreu, e depois de termos nos aproximado por causa disso tudo, descobri esses talento no meu velho. Você sabia que ele não só falsifica assinaturas como também é mestre em arrumar pessoas que se fazem passar por outras até em frente ao tabelião?
Acredita que quando você saiu por essa porta bem aí, atrás de você, hoje às 7h, papai já estava na outra esquina com uma equipe de mudanças?
Me diz: o que você achou da sala vazia, só com a cadeira no centro e as folhas de papel em cima? É o estado da arte, né? Também tenho meus méritos, vai?, não é só o papi que é bom aqui. Não ficou parecendo uma pintura antiga? Admita. Olha lá da porta pra você ver, é uma legítima Natureza-Morta, digna de um Cézanne!
Baby, uma pena, mas meu tempo está se esgotando e tenho que ir. Só mais uma perguntinha: você já correu pelos cômodos da casa com esta carta na mão, endoidecido, o coração aos saltos, como sonhei que você faria? Ai, meu bem, fala, vai!? Não, não me deixa nessa curiosidade, eu estou tão eufórica! Nos meus sonhos, eu via você correndo afobado, o barulhão do piso ecoando nas paredes, você entrando num quarto, depois no outro, depois indo à cozinha, tudo vazio, e você num primeiro momento achando que fosse um daqueles assaltos incríveis em que os caras param um caminhão na frente da casa e levam tudo; e, branco de pavor do desconhecido, com cara de cachorro que se assustou com o estouro de uma bomba, recomeçando, de forma ridícula, a entrar e sair de cada um desses enormes aposentos ocos, cheios de ar, como que para se certificar de que realmente você viu o que achou ter visto.
Nos meus sonhos, Baby, em meio a essa loucura, você se dava conta de que havia uma cadeira no meio do caminho, no meio do caminho havia uma cadeira (Drummond). Oh, então você se espanta, parece haver folhas de caderno sobre a cadeira! Você apanha as folhas e... e... E...! É uma carta! E é a letra da Glória! E, agora, você vai andando e lendo, quase tropeçando, atropelando a leitura, sentindo crescer uma sensação ruim na barriga, de desgraça, de que alguma coisa grande e peluda está para saltar sobre você, e então você urina um pouco nas calças, sem perceber, a testa suada, um suor gelado, seu corpo todo querendo uma conclusão, e devagarzinho você se dá conta de que EU tenho algo a ver com isso tudo... É a MINHA letra ali! Rá rá rá rá! Baby, isso é demais pra mim, eu queria tanto estar aí assistindo de camarote! Pena, mas não se pode ter tudo na vida.
Ah, esqueci de te falar: o carro. Enquanto você está aí lendo, suando e se urinando, o seu carro já foi levado. Vai lá fora conferir, eu espero.
Viu? E não adianta tentar achá-lo, fazer B.O, essas coisas. Papai pagou uns caras bons. A essa altura, ele já deve estar sendo transformado em peças, milhares de peças que abastecerão desmanches pela periferia da cidade. Ei! Espero que você não tenha deixado sua carteira no console, como faz às vezes, senão nem documentos terá mais, pobrezinho!
Alessandra Regina Maconé. 20 de abril de 1988. Vinte e dois anos mais nova do que eu. Do que nós, né, Baby? Terá sido pela idade, ou pelos 30 quilos a menos que você me trocou por ela? Mas agora aqui, agachada, com tudo preparado para partir, escrevendo esta carta sobre o assento desta cadeira, fico pensando: o que o Valdir fará da vida agora sem mim, coitadinho? E sem nada, nada. Nadinha, além desta cadeira para sentar e pensar?
Uma longa viagem me espera, Baby. O papi achou que eu não deveria te incomodar com essa coisa de escrever carta, mas eu discordei. Afinal, sempre fomos tão unidos, não é? Você acredita que papai ocultou de mim nosso destino? Será uma surpresa, ele disse. Adoro surpresas! Será Grécia? Talvez... Noruega, Oslo? Quem sabe. Talvez algo mais próximo, Argentina, Chile. De qualquer forma, vamos só eu e ele. Desculpa não te convidar, é que achei que você preferiria mesmo ficar para recomeçar com sua magrinha.
A essa hora em que você lê isto, já devemos estar em pleno voo internacional. Delícia! Ah, esquece, Baby! Sei o que você está pensando. Não perca o seu tempo. Papi preparou tudo, tudo o que você pode imaginar, até os nomes falsos para o registro no voo. É bom ter dinheiro na mão, né? Papi levantou uma boa quantia com a venda da casa dele e do sítio... E o dinheiro compra tudo, Baby! Até amor verdadeiro, como disse aquele escritor.
Por falar em amor verdeiro, estive pensando na nova vida que se inicia para você e sua jovem Alessandra Magrinha... Com tantas mudanças, ela continuará amando você como diz que ama, um coroa que agora só tem as roupas do corpo sobre a pele? Ah! E você me perdoa por eu não ter dado tempo para que aquele ótimo plano do assalto seguido de morte, que vocês estavam planejando para mim, tenha se concretizado?
Bom, o que passou, passou! Sem mágoas, tá? O que vale é que a partir de agora você começará vida nova com ela.
Por falar em vida nova, vou torcer para as coisas continuarem bem lá na JWO para você. Vai que você dá o azar do doutor Jorge Wilson ter recebido uma carta anônima, cheia de provas, fitas com gravações e extratos bancários que comprovam que você andou desviando nos últimos 9 anos uma fortuna incalculável do caixa da empresa? Isola! Vamos parar já de papo negativo, que isso atrai desgraça, como dizia mamãe. Bola pra frente.
Olha, tenho uma sugestão romântica para te dar: durma hoje aqui com a sua Alessandra-magrinha-e-jovem, traz ela pra cá, Baby, não seja turrão! O único problema é a falta de conforto, mas nada que o amor não supere. Lua de Mel, Baby! Aproveita, hein, que o amanhã pode ser muito incerto.
Aliás, você reparou que a sua chave não quis de jeito nenhum entrar no tambor do trinco? Ainda bem que eu deixei destrancada, né? Viu, como penso em você?
Chega! Chega de contar tudo, menina da língua grande, assim você não deixa nenhuma surpresa para o Valdirzinho curtir amanhã.
Adeusinho, Baby! E fica com o beijo carinhoso da sua, sempre,
Glorinha
Oi, Baby!
Você já tinha reparado que nunca nos falamos por carta? Acho que esta será a primeira vez em quinze anos. Esquisito, né?
Você se lembra quando estivemos aqui pela primeira vez? Nossa! Quanto tempo, hein? Foi há 12 anos, eu me lembro bem do dia...
Éramos noivos e, naquele sábado, fazia um sol bem bonito, e tínhamos ficado desde cedo no sítio daquele casal de amigos seus, da faculdade, tinha rolado um churrasco gostoso, com futebol e piscina, e quando saímos já eram umas quatro da tarde (Raquel e o Lúcio ou Luciano, acho que eram esses os nomes deles; aliás, estarão morando em São Paulo ainda, Baby? Continuam casados? Tiveram filhos? De repente, me ocorreu um pensamento utilitário: será que na casa deles haverá um canto, uma edícula sobrando?). Você tinha aquele Uno vermelho, com nossos cheiros enraizados no tecido gasto do banco de trás. Bons tempos!
Lembro que íamos subindo pela Lapa e, assim que cruzamos a Cerro Corá e começamos a descer a Toneleros, você freou o carro tão forte que quase dei com o rosto no painel. Que foi?, eu perguntei. Você nem me respondeu. Debruçado sobre o volante, olhava para cima, através do para-brisa, como uma criança encantada com uma árvore enorme. Olha essa casa, você falou, com ar bestificado, está para alugar. Descemos do carro. Ligamos do orelhão para o número que constava na placa de aluga-se espetada no jardim. Em meia hora, o corretor chegou para abrir a casa. Lembra quando a gente entrou aqui, nesta sala, Baby? Lembra deste cheiro gostoso da madeira rústica? Ela estava assim, vazia, vazia, como agora, o pé-direito de cinco metros, o piso de longas tábuas largas de madeira antiga, com esse ranger charmoso, que depois o peso dos móveis anulou um pouco, além dos janelões de madeira, lindos!
Alugamos a casa e nos casamos logo depois. Que época boa...! Dali a três anos, quando você começou a ganhar melhor na firma (bem, começou a ganhar melhor é um eufemismo, né? Digamos que sua “retirada” tenha quintuplicado), fizemos uma oferta ao proprietário e a compramos. Você lembra da festa que fizemos, Baby? Só eu e você, rolando neste chão à noite?
A casa sobreviveu a nós, veja só... Quantas gerações já não viveram e fizeram as suas histórias aqui, e quantas ainda não o farão? E eu devo admitir que você foi mesmo um visionário. Ah, sim! Esta casa é linda, Baby, parabéns por tê-la visto, apreciado e compreendido antes de mim. Terei saudades daqui...
Mas me conta, você está surpreso? Fico aqui imaginando o susto, a sensação de desproteção que estará tomando conta de você agora, nesse exato instante. Qual sua cara diante da novidade? Olha, faz tempo que eu quero te fazer essa surpresa! Você me perdoa pela demora? É que para operacionalizar tudo, Baby, para encaixarmos todas as tarefas em meras doze horas (da hora que você sai pela manhã até a hora em que volta à noite), foi uma tarefa de projetista japonês. Sério! E eu e papai fizemos tudo sozinhos. Papai é um gênio, Valdir, você não acreditaria. Ele fez tudo por escrito, com croquis, desenhos esquemáticos, cálculos de horário, a compra das passagens, as nossas necessidades todas, as escalas que faremos e o nosso destino final, só você vendo. Só agora depois que mamãe morreu, e depois de termos nos aproximado por causa disso tudo, descobri esses talento no meu velho. Você sabia que ele não só falsifica assinaturas como também é mestre em arrumar pessoas que se fazem passar por outras até em frente ao tabelião?
Acredita que quando você saiu por essa porta bem aí, atrás de você, hoje às 7h, papai já estava na outra esquina com uma equipe de mudanças?
Me diz: o que você achou da sala vazia, só com a cadeira no centro e as folhas de papel em cima? É o estado da arte, né? Também tenho meus méritos, vai?, não é só o papi que é bom aqui. Não ficou parecendo uma pintura antiga? Admita. Olha lá da porta pra você ver, é uma legítima Natureza-Morta, digna de um Cézanne!
Baby, uma pena, mas meu tempo está se esgotando e tenho que ir. Só mais uma perguntinha: você já correu pelos cômodos da casa com esta carta na mão, endoidecido, o coração aos saltos, como sonhei que você faria? Ai, meu bem, fala, vai!? Não, não me deixa nessa curiosidade, eu estou tão eufórica! Nos meus sonhos, eu via você correndo afobado, o barulhão do piso ecoando nas paredes, você entrando num quarto, depois no outro, depois indo à cozinha, tudo vazio, e você num primeiro momento achando que fosse um daqueles assaltos incríveis em que os caras param um caminhão na frente da casa e levam tudo; e, branco de pavor do desconhecido, com cara de cachorro que se assustou com o estouro de uma bomba, recomeçando, de forma ridícula, a entrar e sair de cada um desses enormes aposentos ocos, cheios de ar, como que para se certificar de que realmente você viu o que achou ter visto.
Nos meus sonhos, Baby, em meio a essa loucura, você se dava conta de que havia uma cadeira no meio do caminho, no meio do caminho havia uma cadeira (Drummond). Oh, então você se espanta, parece haver folhas de caderno sobre a cadeira! Você apanha as folhas e... e... E...! É uma carta! E é a letra da Glória! E, agora, você vai andando e lendo, quase tropeçando, atropelando a leitura, sentindo crescer uma sensação ruim na barriga, de desgraça, de que alguma coisa grande e peluda está para saltar sobre você, e então você urina um pouco nas calças, sem perceber, a testa suada, um suor gelado, seu corpo todo querendo uma conclusão, e devagarzinho você se dá conta de que EU tenho algo a ver com isso tudo... É a MINHA letra ali! Rá rá rá rá! Baby, isso é demais pra mim, eu queria tanto estar aí assistindo de camarote! Pena, mas não se pode ter tudo na vida.
Ah, esqueci de te falar: o carro. Enquanto você está aí lendo, suando e se urinando, o seu carro já foi levado. Vai lá fora conferir, eu espero.
Viu? E não adianta tentar achá-lo, fazer B.O, essas coisas. Papai pagou uns caras bons. A essa altura, ele já deve estar sendo transformado em peças, milhares de peças que abastecerão desmanches pela periferia da cidade. Ei! Espero que você não tenha deixado sua carteira no console, como faz às vezes, senão nem documentos terá mais, pobrezinho!
Alessandra Regina Maconé. 20 de abril de 1988. Vinte e dois anos mais nova do que eu. Do que nós, né, Baby? Terá sido pela idade, ou pelos 30 quilos a menos que você me trocou por ela? Mas agora aqui, agachada, com tudo preparado para partir, escrevendo esta carta sobre o assento desta cadeira, fico pensando: o que o Valdir fará da vida agora sem mim, coitadinho? E sem nada, nada. Nadinha, além desta cadeira para sentar e pensar?
Uma longa viagem me espera, Baby. O papi achou que eu não deveria te incomodar com essa coisa de escrever carta, mas eu discordei. Afinal, sempre fomos tão unidos, não é? Você acredita que papai ocultou de mim nosso destino? Será uma surpresa, ele disse. Adoro surpresas! Será Grécia? Talvez... Noruega, Oslo? Quem sabe. Talvez algo mais próximo, Argentina, Chile. De qualquer forma, vamos só eu e ele. Desculpa não te convidar, é que achei que você preferiria mesmo ficar para recomeçar com sua magrinha.
A essa hora em que você lê isto, já devemos estar em pleno voo internacional. Delícia! Ah, esquece, Baby! Sei o que você está pensando. Não perca o seu tempo. Papi preparou tudo, tudo o que você pode imaginar, até os nomes falsos para o registro no voo. É bom ter dinheiro na mão, né? Papi levantou uma boa quantia com a venda da casa dele e do sítio... E o dinheiro compra tudo, Baby! Até amor verdadeiro, como disse aquele escritor.
Por falar em amor verdeiro, estive pensando na nova vida que se inicia para você e sua jovem Alessandra Magrinha... Com tantas mudanças, ela continuará amando você como diz que ama, um coroa que agora só tem as roupas do corpo sobre a pele? Ah! E você me perdoa por eu não ter dado tempo para que aquele ótimo plano do assalto seguido de morte, que vocês estavam planejando para mim, tenha se concretizado?
Bom, o que passou, passou! Sem mágoas, tá? O que vale é que a partir de agora você começará vida nova com ela.
Por falar em vida nova, vou torcer para as coisas continuarem bem lá na JWO para você. Vai que você dá o azar do doutor Jorge Wilson ter recebido uma carta anônima, cheia de provas, fitas com gravações e extratos bancários que comprovam que você andou desviando nos últimos 9 anos uma fortuna incalculável do caixa da empresa? Isola! Vamos parar já de papo negativo, que isso atrai desgraça, como dizia mamãe. Bola pra frente.
Olha, tenho uma sugestão romântica para te dar: durma hoje aqui com a sua Alessandra-magrinha-e-jovem, traz ela pra cá, Baby, não seja turrão! O único problema é a falta de conforto, mas nada que o amor não supere. Lua de Mel, Baby! Aproveita, hein, que o amanhã pode ser muito incerto.
Aliás, você reparou que a sua chave não quis de jeito nenhum entrar no tambor do trinco? Ainda bem que eu deixei destrancada, né? Viu, como penso em você?
Chega! Chega de contar tudo, menina da língua grande, assim você não deixa nenhuma surpresa para o Valdirzinho curtir amanhã.
Adeusinho, Baby! E fica com o beijo carinhoso da sua, sempre,
Glorinha
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