Definição

... da totalidade das coisas e dos seres, do total das coisas e dos seres, do que é objeto de todo o discurso, da totalidade das coisas concretas ou abstratas, sem faltar nenhuma, de todos os atributos e qualidades, de todas as pessoas, de todo mundo, do que é importante, do que é essencial, do que realmente conta...
Em associação com Casa Pyndahýba Editora
Ano VI Número 63 - Março 2014

Showing posts with label 0112 Poesia. Show all posts
Showing posts with label 0112 Poesia. Show all posts

Poesia - Arnaldo Xavier

Solomon: Shepherd against amber sunset, 2005 - by Idalet Pauw

Sobre cinzas
caminhos riscados
A sombra soprada
pela luz

Oposta fuga da vida
vazio corte desmonta
prateleira de sonhos apagados:

Na última
e única porta

A cada corte triste passo sangra
a idéia de fogo ardente encontra
pedaço imenso talvez da volta
sem semente

Poesia - Plínio de Aguiar

Dawn of Morning - JJ Jacobs


As Manhãs Brincam
A Valdomiro Santana

As manhãs brincam e acenam folhas,
Fazem brisas, tornam rosas mais flores.
Fabricam sombras com o sol no dorso.

Eventualmente são moldura de sonata
Saída de casa distinta em violino
Obsessivo de silêncio. Às vezes
Alegram-se mais, exibem nuvens animais
Imitando delírio dos meninos mirando-as.

As manhãs brincam até quando velhos choram.
E agradecem a vida. Acinzentados, olhos
Veem cadeira, copo, prato, remédios, o teto e
A enfermeira à beira da cama, restos de Deus.

As manhãs também se sacodem de riso
Nos latidos de cães presos em barracos
Ou mansões, passos na calçada molhada.
No rangido do portão da igreja, fechando-se.
No assobio do menino, na menina voltando.

Plínio de Aguiar
Cipó, Bahia, junho de 2011

Poesia - Santiago de Novais

Ilustração enviada pelo autor.


Dia de Enterro
“Os átomos todos dançam, madruga, reluz neblina.
Crianças cor de romã entram no vagão.”
(Caetano – Trem das Cores)

Eu que já chorei todas as misérias agora não posso me rir delas nem por alfa nem por bravo.
Digo com furor messiânico e poeta que cruzarei o espaço acompanhado das emissões eletromagnéticas de Saturno e nada disso reinventará nossos dias juntos, mamãe, papai, irmãos e cachorrinho, tudo bonitinho.
Os amigos. Onde estão? Digo os que dizemos de verdade. Ok, tudo bem.
Eu que já chorei tantos desfortúnios próprios me vejo obrigado a chorar os de alfa e bravo e a me esquecer do meu próprio porque ele não é mais lento nem mais pesado, nem mais covarde, nem mais doído que um câncer, apenas me toca.
Tenho revolto dentro de mim todo o embrulho de ter existido, estou em um velório sem ninguém haver morrido e se alguém o tivesse não entenderia, nem estaria calmo, pois a morte não nos acalma e nem mesmo o Profeta que disse isso ou aquilo soube quando ia morrer e morreu sem saber. Então cajuína. A que será que se destina?
Sem se dar conta de que deveria ter comido mais do seu bolo de aniversário aquela vez que fizestes a festa e na qual chovia e eu não quis comer pois estava aborrecido por não ganhar beijinho, agora estou aqui para quem sabe segurar as fivelas do caixão, jogar o punhado de terra que representa a misericórdia, o desespero e a fé, em cima do vidro pálido de flores do seu caixão, que contém o seu corpo que parou de doer de tanta desordem celular.
Respiro um pouco, meio fundo. Isto faz o coração calar. Alguém mandou um “te amo”.
O que eu devo fazer? Sou uma casca de chuchu jogada no lixo amanhecendo sem o lixeiro ter recolhido. Um cachorro dorme sobre mim. Sinto suas pulgas vivas.
Aceito o carinho de uma mão no ombro de uma pessoa desconhecida que está com pena. Nestes dias tudo serve, unhas sem fazer, sapatos velhos, gente sem banho, até presente.
Caminho pela alameda cheia de ciprestes que duraram mais que todas as nossas vidas, todas as pessoas, a vitória calma de certas plantas sobre nós. E nosso comum desprezo por elas.
Ouvi as colheres dos pedreiros do cemitério colocando os tijolos e a argamassa.
Digo com furor messiânico e poeta que cruzarei o espaço acompanhado das emissões eletromagnéticas de Urano e nada disso reinventará nossos dias juntos, mamãe, papai, irmãos e cachorrinho (ou amigos).
Vou rir com as pessoas, prometo. Vou até gostar de chuva, prometo. Curare, curau? Nunca.
A mão no meu ombro era de outra pessoa e nem percebi a troca. Alguém. Ufa, que bom!
Carpe diem, carpe diem baby. Cobraram-me o estacionamento. Deveríamos estacionar de graça quando alguém da família ou um conhecido morre. Estou vivo. Não paguei.

Poesia - Dorival Fontana

“we scream in cathedrals” by Hélène Deroubaix
Miss “k”

A luz se apaga
sobre o copo derramado.
É tarde, muito tarde...
quando a música se acaba.

Os corpos se contorcem,
giram lentamente,
dançam contra o tempo
pela madrugada.

Entre sussurros, promessas,
sombras e palavras;
manequins desnudos
esvaziam a garrafa.

Na volta derradeira
do vestido rodado,
a magia passageira
subitamente é realidade.

Amanheceu...

Poesia - Pedro Du Bois


Judith Foosaner - State of Siege, 2011
collage with acrylic on canvas

Estado de Sítio

Fiel ao princípio da autonomia
entre poderes evite a intromissão
entre as partes. Sabe
e conhece o espectro turvo
     das cores da bandeira.

O ódio intrometido entre as partes
avança e destrói o desconhecido.
Não retorna sobre escombros
e se esconde em salas
refrigeradas: poder exercido
sobre a contingência dos amores.

Alvo de paixões destroça corpos
submetidos em tensão: o suplício
descompensa a similitude do ato.

Onde repousam sonhos acorda
em batidas milimétricas. Tacões
ressoam pisos de concreto. É
o que lhe permitem conhecer.

Explodem fogos artificializados
no espaço descontinuado da espera.
Desperta e acompanha a luta
desarmada das histórias
melancólicas: herói na situação
anacrônica do enredo. Ao vilão
cabe o luxo iluminado
dos palcos de vergonhas.

Arremesso e arremate. Diálogo
continuado entre surdos. Espíritos
em testes de segunda classe.
Bestiário revivido ao dia
entre sinais e estacionamentos.

Não revê nas ruas o soldado
de outrora. Não reconhece o uniforme
e a uniformidade em trajes
desconexos prova o inimigo.

Amizades
     negócios
          traições
               e adultérios.
A potencialidade da imagem transmuda
o ser em escolhas. A destruição das pontes
permanece receptáculo da ousadia.

Atravessar o fosso e se descobrir em fósseis
aumentados. Atravancar a saída e se cobrir
em entradas. O final do túnel
em notícias repetitivas.

A bebida descontrai o ânimo
com que a vida demonstra virtudes.
A virtuosidade da morte engalana
o recém chegado. O estrangeiro
transformado em nativo se acomoda
em estrangeirismos.

Reflete sonhos. Repete sonos. Realiza
a introdução ao processo e se perde
em meandros liberalizantes. A competição
revigora a mente na escolha da testemunha
do açodamento. diretores vicejam almas
de apenados funcionários em desconforto.

O clube recebe seus sócios e os distribui
em salões de acordo com suas situações
               político-sociais.

No portão a segurança se enreda
em assaltos: o assassino sorri perplexidades
na facilidade com que perpetra o crime.

Sirenes ecoam medos. O alarme desarma
a visão silenciosa da conquista. Não distante
a ordem esconde contraditoriedade: para
os efeitos da lei a escolha se faz agora.

Manifestos distribuem raivas enjauladas
em quatro paredes. A palavra de ordem
desordena o status do melodrama.

Na similitude a coragem reencontra
sua visão feminina. A visão masculina
desencontrada em si murmura
juras de amor em eternizadas
amizades
     saudades
     e lembranças juvenis.

Jamais - na afirmação contraditória -
são reformados os presídios: punidos
na justaposição da indigência vislumbram
a luz penetrar janelas encadeadas.

Estar livre e gozar as prerrogativas
da indecisão. Procurar em vão
a responsabilidade no avesso
do acerto minorado em almas
desacompanhadas: o pranto
reflui torrentes e a condição afeta
a tradição perdida em silêncio.

O canto situado como livre estivesse o cantar
          como se o cantar livrasse da desdita
          como se desdizer fosse o conteúdo maternal
               na oração primária dos dissabores.

Trair a atenção. Atrair a atenção em ato
de coragem. Descontrair a tensão
em ato covarde de agressão
               e mentira.

No sorriso da mulher que passa
entre carros revê a mulher da vida
recolhida na casa dos prazeres.

No matraquear dos recreios receia
induzir a voz ao encontro da verdade
e retirar do exposto a contrariedade
das notícias não alvissareiras.

Alvo. Seta perfurante. Bala penetrante.
Símbolo cortante. Pedra contundente.

A busca nos primeiros passos
mambembes e o reluzir do ouro
conquistado. Fosse outra a época
e com certeza estaria preso ao passado.
Ao futuro são oferecidos óbices
em escaladas argutas e infiltrantes.

Se a mulher se apresenta nua, dispa-se
de sua vaidade e vá até ela. Cubra-a
com sua vergonha. A mulher se sentirá
devedora da sua ousadia.

Avesso ao estardalhaço, distribua panfletos
e torne a leitura obrigatória. Troque algumas
palavras. Entorne o caldo. Estremeça o senso
elementar das confusões. Aprofunde o tema
em nada consta. A liberdade perdura
enquanto a guarda se nacionaliza
em combates.

A fraqueza dos pais é responsável
pelo aviltamento, jogue a moeda ao mendigo
em gritos e palavrões. Desperte a vilania
e a destrate com fraquezas e ódios.

Descarregar a arma empunhada na luta
diante da máquina fotográfica o transforma
em notícia e no martírio do jornal escrito
se mantem ávido de reconhecimentos.

Não se debruce sobre a amurada: o atirador
de elite se distrai em beijos e sua arma
          dispara na antevisão da morte.

Poesia - Ari Cândido

Prison Painter, by Dolk

RODA / CARROÇA

CARROÇA

CARROÇA

CARROÇA

CARROÇA

CARROÇA

CARROÇA

CARROÇA
DE LEITE

DE PÃO

DE LIXO

DE DEFUNTO

DE PEDRA

DE GALO

DE OVO

DE CÃO

PRISIONEIRO

Poesia - Vagner Barbosa

Wind, by Vladimir Kush

Vento amigo

Espero por um vento
Que num repente
Levante meus pés
E torça meu pensamento

Um tornado
Que me vire de lado
E derrube as chaves
Do mundo arrumado

Quebre a bússola
Desconcerte o rumo
Deixe-me confuso
E sem prumo

Espero por um vento, uma brisa, um aviso, um sinal, um silvo, um sino, um assovio, um grito, uma bomba, um sussurro, um toque
Que me arremesse do outro lado do muro
Onde rola um rock
Sem princípio nem fim
Sem sofrimento

Espero por um vento...

Poesia - Almandrade

Kyle M Stone - Buried in the Library 2

A Razão em Coma

Pobres bibliotecas vazias
sem títulos e sem Borges,
O tempo, indiferente
ao jogo dos relógios,
não é mais dos livros.
O saber é um desconforto
de uma civilização
que vive ao redor do imediato
e humilha a memória.

Poesia - Raquel Naveira

Kneeling Nun (1731) é um trabalho do suéco-austríaco Martin van Meytens (1695–1770), e é composto de dois quadros, frente e verso.
Confissão de Mariana
(a Sóror Mariana Alcoforado, que nasceu em Beja, 1640. Desde menina professou no Convento de Nossa Senhora da Conceição em sua cidade natal. Em 1663, conhece Chamilly, oficial francês servindo em Portugal, durante as guerras da Restauração. Apaixonam-se. Ele regressa à França por ordens militares. Trocam cartas, das quais só ficaram as escritas pela freira, que falece em 1723, após dolorosa penitência)

Foi aqui,
Neste convento
Cheio de varandas
E flores perfumadas,
Perto daquela fonte,
Daquela bacia esculpida,
Que eu, freira clarissa,
Conheci o amor da minha vida:
O oficial francês Chamilly,
Paixão proibida,
Insana,
Incontrolada.


Foi aqui,
Neste convento,
Na cela e no porão
Que me entreguei a ele,
Sufocando-o com meu manto negro
Brocado de estrelas.


Depois que ele partiu,
Foi daqui,
Deste convento,
Que enviei a ele cartas
Tão tensas e dramáticas
Que estilhaçaram meus nervos
Em transes e sangrias.


Foi deste banco de mármore,
Perto do laranjal, que,
Traída e abandonada,
Escrivã sem pejo,
Expeli toda minha fúria,
Minha ânsia,
Meu ódio
De fêmea pagã
Queimando de desejo.


Escrevi:
“A esperança me proporciona prazer,
Só quero sentir a minha dor,
Que seria de mim sem esse amor e esse ódio
Que enchem o meu coração?
O que vai ser de mim?
Morro de vergonha.”

Neste convento
Feneço
Na carne e no espírito,
Eu, amante suprema,
De doçura extrema,
Ofereci-me a um cínico,
A um ingrato
E por ele me mato
Como Cristo
Nas dores do calvário.

Poesia - Edson Bueno de Camargo

Rose Evenson - Country House
a casa

a casa
um fantasma
em si mesma
paredes fixas no etéreo
nunca se movem do lugar marcado
mesmo quando as margens dos rios
se esticam com as monções
e depois retornam ao seu desenho
deixando para trás
poças cheias de peixes
(para a felicidade dos meninos)

a casa
mesmo depois de finda
ainda permanece em seu requadro
sob a mata
tijolos abandonados
é lembrança vívida
de pulmões e esteios negros de fuligem

a casa hoje
é um quadrado de terra batida
mas tem um coração pulsante
que sabe seu sangue
pelas raízes das mangueiras
e das laranjeiras
agora selvagens

a casa estará sempre ali
dentro de minha memória
onde permanece

Poesia - Regina Alonso

René Magritte - Delusions of Grandeur II, 1948 - oil on canvas

Crepuscular

Rósea luz na varanda.
Na rua não anda nem sombra
de passos nem vestígio de abraços.
Um corpo apagado ao findar do dia.
Mudo o realejo
pássaros recolhidos
crianças não vejo.

Ai, tenho pena de mim!
Mudou tudo lá fora?
Será que eu me fui embora
para dentro de mim?

Busco a roda e a cantiga,
a palavra amiga da menina de outrora.
Não escuto sua voz
e nem encontro adiante a jovem confiante
nem a marca da mulher.

Quem está na varanda?
Na tarde vazia a luz crepuscular
invade o espaço e eu me faço de aço
para não estilhaçar.

Autores

Ademir Demarchi Adriana Pessolato Adília Lopes Afobório Agustín Ubeda Alan Kenny Alberto Bresciani Alberto da Cunha Melo Aldo Votto Alejandra Pizarnik Alessandro Miranda Alexei Bueno Alexis Pomerantzeff Ali Ahmad Said Asbar Almandrade Alyssa Monks Amadeu Ferreira Ana Cristina Cesar Ana Paula Guimarães Andrew Simpson Anthony Thwaite Antonio Brasileiro Antonio Cisneros Antonio Gamoneda Antonio Romane António Nobre Ari Candido Fernandes Ari Cândido Aristides Klafke Arnaldo Xavier Atsuro Riley Aurélio de Oliveira Banksy Bertolt Brecht Bo Mathorne Bob Dylan Bruno Tolentino Calabrone Camila Alencar Carey Clarke Carla Andrade Carlos Barbosa Carlos Bonfá Carlos Drummond de Andrade Carlos Eugênio Junqueira Ayres Carlos Pena Filho Carol Ann Duffy Carolyn Crawford Cassiano Ricardo Cecília Meireles Celso de Alencar Cesar Cruz Charles Bukowski Chico Buarque de Hollanda Chico Buarque de Hollanda and Paulo Pontes Claudia Roquette-Pinto Constantine Cavafy Conteúdos Cornelius Eady Cruz e Souza Cyro de Mattos Cândido Rolim Dantas Mota David Butler Denise Freitas Desmond O’Grady Dimitris Lyacos Dino Valls Dom e Ravel Donald Teskey Donizete Galvão Donna Acheson-Juillet Dorival Fontana Dylan Thomas Décio Pignatari Edgar Allan Poe Edson Bueno de Camargo Eduardo Miranda Eduardo Sarno Eduvier Fuentes Fernández Elaine Garvey Elizabeth Bishop Enio Squeff Ernest Descals Eugénio de Andrade Evgen Bavcar Fernando Pessoa Fernando Portela Ferreira Gullar Firmino Rocha Francisco Niebro George Callaghan George Garrett Gey Espinheira Gherashim Luca Gil Scott-Heron Gilberto Nable Glauco Vilas Boas Gonçalves Dias Grant Wood Gregório de Matos Guilherme de Almeida Hamilton Faria Henri Matisse Henrique Augusto Chaudon Henry Vaughan Hilda Hilst Hughie O'Donoghue Husam Rabahia Ian Iqbal Rashid Ingeborg Bachmann Issa Touma Italo Ramos Itamar Assumpção Iulian Boldea Ivan Donn Carswell Ivan Justen Santana Ivan Titor Ivana Arruda Leite Izacyl Guimarães Ferreira Jacek Yerka Jack Butler Yeats Jackson Pollock Jacob Pinheiro Goldberg Jacques Roumain James Joyce James Merril James Wright Jan Nepomuk Neruda Jason Yarmosky Jeanette Rozsas Jim McDonald Joan Maragall i Gorina Joaquim Cardozo Joe Fenton John Doherty John Steuart Curry John Updike John Yeats Josep Daústin José Carlos de Souza José Geraldo de Barros Martins José Inácio Vieira de Melo José Miranda Filho José Paulo Paes José Ricardo Nunes José Saramago José de Almada-Negreiros João Cabral de Melo Neto João Guimarães Rosa João Werner Junqueira Ayres Kerry Shawn Keys Konstanty Ildefons Galczynski Kurt Weill Leonardo André Elwing Goldberg Lluís Llach I Grande Lou Reed Luis Serguilha Luiz Otávio Oliani Luiz Roberto Guedes Luther Lebtag Léon Laleau Lêdo Ivo Magnhild Opdol Manoel de Barros Marco Rheis Marcos Rey Mari Khnkoyan Maria do Rosário Pedreira Marina Abramović Marina Alexiou Mario Benedetti Mario Quintana Mariângela de Almeida Marly Agostini Franzin Marta Penter Marçal Aquino Masaoka Shiki Maser Matilde Damele Matthias Johannessen Michael Palmer Miguel Torga Mira Schendel Moacir Amâncio Mr. Mead Murilo Carvalho Murilo Mendes Márcio-André Mário Chamie Mário Faustino Mário de Andrade Mário de Sá-Carneiro Nadir Afonso Nuala Ní Chonchuír Nuala Ní Dhomhnaill Nâzım Hikmet Odd Nerdrum Orides Fontela Orlando Gibbons Orlando Teruz Oscar Niemeyer Osip Mandelstam Oswald de Andrade Pablo Neruda Pablo Picasso Patativa do Assaré Paul Funge Paul Henry Paulo Afonso da Silva Pinto Paulo Cancela de Abreu Paulo Henriques Britto Paulo Leminski Pedro Du Bois Pedro Lemebel Pete Doherty Petya Stoykova Dubarova Pink Floyd Plínio de Aguiar Pádraig Mac Piarais Qi Baishi Rafael Mantovani Ragnar Lagerbald Raquel Naveira Raul Bopp Regina Alonso Renato Borgomoni Renato Rezende Renato de Almeida Martins Ricardo Portugal Ricardo Primo Portugal Ronald Augusto Roniwalter Jatobá Rowena Dring Rui Carvalho Homem Rui Lage Ruy Belo Ruy Espinheira Filho Ruzbihan al-Shirazi Régis Bonvicino Salvado Dalí Sandra Ciccone Ginez Santiago de Novais Saúl Dias Scott Scheidly Seamus Heaney Sebastian Guerrini Sebastià Alzamora Shahram Karimi Shorsha Sullivan Sigitas Parulskis Silvio Fiorani Smokey Robinson Sohrab Sepehri Sophia de Mello Breyner Andresen Souzalopes Susana Thénon Susie Hervatin Suzana Cano Sílvio Ferreira Leite Sílvio Fiorani The Yes Men Thom Gunn Tim Burton Tomasz Bagiński Torquato Neto Túlia Lopes Vagner Barbosa Val Byrne Valdomiro Santana Vera Lúcia de Oliveira Vicente Werner y Sanchez Victor Giudice Vieira da Silva Vinícius de Moraes W. B. Yeats W.H. Auden Walt Disney Walter Frederick Osborne William Kentridge Willian Blake Wladimir Augusto Yves Bonnefoy Zdzisław Beksiński Zé Rodrix Álvaro de Campos Éle Semog