Definição

... da totalidade das coisas e dos seres, do total das coisas e dos seres, do que é objeto de todo o discurso, da totalidade das coisas concretas ou abstratas, sem faltar nenhuma, de todos os atributos e qualidades, de todas as pessoas, de todo mundo, do que é importante, do que é essencial, do que realmente conta...
Em associação com Casa Pyndahýba Editora
Ano VI Número 63 - Março 2014

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Poesia - Arnaldo Xavier


Os Orikais de Arnaldo Xavier

Arnaldo tinha um livro praticamente pronto para ser publicado, chamado Arma Zen, e que dedicaria a Paulo Leminski. Lendo o livro eu diria que a dedicação não seria necessária...

Um livro de orikais, como Arnaldo cosumava dizer. Uma mistura de orikí e haikais, Arma Zen era a segunda menina-dos-olhos de Arnaldo (a primeira era o inédito Hekatomblu, livro visual, provavelmente esquecido em alguma gaveta kafkiana), ao lado do já publicado Lud-Lud (Casa Pyndahýba Editora, 1997) que breve estará em TUDA!

Embora não sejam inéditos - já foram publicados no site da Casa Pyndahýba - os orikais de Arma Zen valem todas as penas deste mundo e de todos os outros, e merecem uma (re)leitura atenta e reflexiva. A série será composta de 12 edições de 4 orikais, revelam uma fase poético/literária em que Arnaldo buscava a concisão do texto, e este Arma Zen (juntamente com LudLud) é, de certa forma, o resultado desta busca.

Deleitem-se com mais esta faceta arnaldiana!

AXÉVIER!

1
A cavalo
cavá-lo
Cavahalo

2
Amá-la
jamais
domá-la

3
Nada
cabe
à solidão

4
Dia
agnóstico:
ateu lado

(...)

Poesia - Plínio de Aguiar

Frida Kahlo - Flower and Life

Amores

Joe chamou o porteiro para ouvir
Nossa Senhora das Flores

Abriu o livro prefaciado por Sartre
Ao léu e descobriu que Jean Genet

Não admitia aleatório meio de abrir
Livro, pois o porteiro olhou e disse

Palavras, onde o legítimo autor?
Não as quero, quero o francês

Proxeneta deitado na prisão
Pensando nos putos e santos.

E onde a cabeça e a gargalhada
Dele, Nossa Senhora das Flores?

Plínio de Aguiar
SSA, 2010

Poesia - Antonio Romane

Poesia - Ruy Espinheira Filho

The Wounded Angel, by Hugo Simberg

De súbito, do nada, uma carta

1
Sá-Carneiro disse, em carta, não incomodá-lo muito a possibilidade
de suicídio,
mas a consciência de
ter de morrer forçosamente um dia.
Seu correspondente deve ter pensado em tais palavras muitas vezes
ao escrever certos versos,
como, por exemplo
(16 anos mais tarde, com a alma já por si conturbada
de Álvaro de Campos)
alguns de Tabacaria,
nos quais observou que o dono da loja morreria,
como ele próprio,
um deixando a tabuleta, o outro versos,
que a certa altura também morreriam,
como morreria depois a rua onde estivera a tabuleta
e a língua em que foram escritos os versos,
e, por fim, o planeta girante em que tudo isto se deu.
Sim, tais reflexões já tumultuavam Sá-Carneiro,
mas com menos longo sofrimento,
porque logo soube livrar-se delas com
cinco frascos de arseniato de estricnina
em 26 de abril de 1916,
aos 26 anos de idade.
às 8 da noite, no Hotel Nice,
Paris. E assim
terminou o tormento do Esfinge Gorda,
como certa vez se definiu.
E que ainda mais gorda e com mais mistérios de esfinge ficou,
após a morte,
avolumando-se a ponto de mal caber no caixão,
tornando definitivamente impossível que seu enterro fosse levado sobre um burro,
como pedira num poema,
embora tivesse lembrado
(como se antevendo sua última vontade
não sendo respeitada)
que a um morto nada se recusa,
e insistindo mesmo, peremptório:
E eu quero por força ir de burro.
(Não, ninguém se moveu para encontrar um burro capaz
de tal façanha,
ainda que não – como pedido –
ajaezado à andaluza.
Sim, a um morto tudo pode ser
recusado.)

2
Não sei como as linhas acima se escreveram,
pois não havia pensado em nada parecido.
Pelo que recordo, pensara que estava velho,
não propriamente por me sentir assim,
mas por constatar que de então a agora
passara muito tempo.
É a lógica, bastante desagradável:
se muito tempo passou desde a nossa juventude
não há o que discutir: estamos velhos.
Quanto mais tempo, mais velhos.
Sem dúvida, o que de melhor havia no Paraíso,
antes da descoberta do fruto do bem e do mal,
era a ausência de lógica. Não houve nenhuma lógica
na Criação,
as possíveis justificativas do Criador não têm lógica.
Apenas, entediado por tamanha Eternidade,
Ele resolveu brincar de Deus. E, como não havia
nenhuma lógica em tudo isso
(pois só uma absoluta falta de lógica admitiria a criação de algo
tão tentador que poria fatalmente em risco o equilíbrio do Éden),
deu no que deu.

3
Coisas assim é que eu pensava,
quando saltou do nada a carta do poeta
para outro poeta.
Assim me tem sido a vida com frequência:
tarda (às vezes indefinidamente) no que espero
e de súbito serve
o inesperado.
Tudo bem, contando que não venha a lógica
deduzir que eu tenha forçosamente de estar velho
já que de então a agora muito tempo passou.
O tempo, que se oferece ironicamente em Ontem
(que já não é),
Hoje
(que acabou de ser)
e Amanhã
(que, se chegar, não chegará,
pois logo será o que acabou de ser,
o que já não é).
Enfim, envolvido em incômodos
similares aos meus,
e em linguagem bem melhor,
suspirou Ricardo Reis: ... e quanto pouco falta
para o fim do futuro!

4
Ah, o quanto pouco falta...
Aliás, uma característica do tempo: subtrair-se avaramente,
sobretudo quando gostaríamos que permanecesse mais....
Difícil acreditar que faz pouco,
muito pouco,
estávamos todos aqui...
E então, de súbito,
tivemos e temos que
forçosamente
morrer...

5
Bem, Sá-Carneiro resolveu tudo por conta própria,
interrompendo o que sentia como apenas cruel alongamento do tempo;
apagando os remorsos que eram como
terraços sobre o Mar,
deixando-nos as palavras com que também gostaríamos de abrir
docemente
a nossa noite:
Nada a fazer, minha rica. O menino dorme. Tudo o mais acabou.

Poesia - Santiago de Novais

Imagem enviada pelo autor.

Hóstias
Em algum lugar. Sou de Ogum.
Babas
De cães assassinos
Sou o tijolo
Que mordestes.
Não me feristes. Tens raiva.
Levo anjos aqui no coração.
Assim chegou na pastagem o cheiro de trigo cortado
das pradarias molhadas.

Dentro do coração o vazio de não poder sentir, 
E a vergonha.
E nada das palavras
Da claridade dos olhos dos soldados.

Pedras quentes chão turvam
Minha memória  algo
Que falta de dentro pra fora
Que eu já tive
Mas era como se não tivesse tido
Tropeço como numa música de Richard Wagner. Avesso.

Poesia - Dorival Fontana

Es un mundo pequeño después de todo, 2009
Curro Gonzalez, técnica mixta sobre tela, 150 x 150 cm.

Inconsciência

Toda dor que eu sinto,
é maior que a dor do mundo.

Toda fome que eu sinto,
é maior que a fome do mundo.

Toda injustiça que eu sinto,
é maior que a injustiça do mundo.

Toda violência que eu sinto,
é maior que a violência do mundo.

Toda indiferença que eu sinto,
é maior que a indiferença do mundo.

Todo pecado é maior que os pecados do mundo.
Todo amor que eu sinto morre comigo.

E o mundo um lugar cada vez menor.

Poesia - Pedro Du Bois

Judy Mackey - Heart Hug, oil on board

Abraços

Em meus braços cabe o corpo
(olhos fechados, passos rápidos,
  a mão aperta minha mão)

tensiono as costas e dirijo o passo
no espaço incolor da inexistência

(olhos se abrem
  e mãos se desprendem).

(Pedro Du Bois, inédito)

Poesia - Almandrade

Jacek Yerka - Baldachin

Ainda
o mar de Homero
habita
o céu da história.
Um lance
de dados e textos,
jogo da literatura.
Pensar é
abrir portas,
migrar
para o desconhecido.
Impossível se achar
um limite.

[ in Malabarismo das Pedras ]

Poesia - Ricardo Portugal

Zhang Xiaogang - Bloodline: Big Family, 2006, Lithograph, 49 x 57 inches

ponte na neblina
cruzam cobras de fogo
na noite da China

paisagem na neblina
luzes antigas
deslizam pelo rio

pracinha no inverno
trinta velhinhos dançando
um raio de sol

viagem dos velhinhos
bonés bandeiras vermelhos
cabelos brancos

soa o sino no templo
tempo é silêncio
tempo não é dinheiro

Poesia - Vagner Barbosa

Gost of Atlantic - Serge Sunne, 2008

Noturno praiano

O mar vomita imagens no meu crânio
Que lateja prestes a explodir e libertar milhares de símbolos
Como os fogos que espocam no réveillon lançando morteiros e estrelas no céu da praia de seixos e ossos de náufragos de ilhas distantes
Na areia e no pó dos corpos marinhos reduzidos a quase nada
Que um dia o mar alimentou e o vai e vem das marés embalou como um berço
No silêncio sem eco das cavernas submarinas onde a luz não chega e os peixes cegos tateiam os corais enfeitiçados que dançam ao sabor do fluxo das águas
Onde os baús aguardam o próximo século para serem abertos e as garrafas flutuam com mensagens do fim do mundo
Que se remexem no meu cérebro
Eu estou preso a estas emoções com as cordas do meu amor que me mantém atracado firmemente mesmo durante os tsunamis e as bebedeiras de vodka, mesmo enquanto as sereias perguntam Have you ever been to Eletric Ladyland? e os solos de guitarra vagueiam e reverberam como uma trilha sonora tocada pela brisa
Os peixes dançam, as baleias e os golfinhos comunicam-se por música
Faróis pulsam para lá da neblina onde um homem mora solitário aguardando um amor que não vem
Que não vem
Como uma nau com as velas rasgadas
Sem porto de chegada
Vagando pela eternidade
Até que alguém resolva afundá-lo
Libertando seus piratas da terrível maldição e dissolvendo-os no sal.

Poesia - Marina Alexiou

La Bata Rosa – Joaquin Sorolla
(ilustração enviada pela autora)

Através das frestas do coração o Sol invade o pequenino lugar daquela tarde, deixando um aroma de poesia
As persianas desnudas recortam no seu balançar aquilo que ao longe parece indicar um oásis. Os sorrisos, os olhares lânguidos cheios de música e paixão procuram aproximar-se dos labirintos interiores também eles iluminados pelo feixe de luzes desse momento de eternidade
Os suspiros daquela musa que encantada pela presença do amante deixa-se enlevar pelo mistério que até então desconhecia... Os seus olhos brilham como estrelas refletidas no mar. Ela agradece intimamente pelo olhar daquele que a admira. Como o de um deus que viesse de visita a esse mundo de sonhos ensolarados que é o Amor...
De todas as maneiras os olhares novamente se cruzam. Oblíquos, maneiristas, vertendo desejos, ansiando pela luz que permeia a descoberta dos sentidos...
A musa e o amante. Quanta ternura! Que aconchegante momento pinçado pela vertiginosa vida...
Os braços se abraçam de modo sensual e a brisa vem acompanhar a felicidade que envolve o casal que nada vê, nada percebe. O momento é de pura perda de si mesmo no outro...
O cenário é mínimo. Rósea é a perspectiva. Mas é o que basta para dizer muitas coisas a respeito da tranquilidade de uma tarde de amor.

Poesia - Edson Bueno de Camargo

Creatures 4 - Jos Leys, 2012
As Pedras de Cusco

as esporas
dos galos vermelhos da manhã
riscavam as pedras de Cusco
          com aço e fogo

tinir de sinos
          e o bronze do sol

as moças lavavam
os cabelos na fonte
e a fronte dos cavalos
também era vermelha

porque a grama
ninava os meninos
e suas esporas de prata
e abotoaduras de ouro
e dentes de metal
tudo brilhava ao sol

despiam-se os milharais
no fim da safra
um imenso amarelo
e seus grãos

e era verão
no coração dos homens
e baixo ventre das mulheres

no calor da tarde
a grande árvore
abraçava a praça

e ao longe galos novos
testavam os quintais
bicando o oco do horizonte

Poesia - Regina Alonso

The monastery at sunrise - Montserrat, Spain


Graça Especial

Ai, se me fosse dada
uma graça especial
de visitar MonSerrate,
o castelo divinal!...

Certamente a fantasia
viria habitar em mim.
Princesa agora seria:
manto de seda carmim
capa pelas escadarias
descendo até os jardins
caminhando pelas alamedas,
colhendo o branco jasmim.

A,i se me fosse dada essa graça especial,

abriria as vidraças, curvada sobre os beirais,

coroada pela arte dos arabescos ancestrais

ouvindo a cotovia ao despertar da manhã
e as rolinhas, em bando, ciscando
ciscando... cheias de afã!

Ai fosse abril, fosse janeiro,
primavera inverno verão...
Mesmo no frescor do outono
eu me entregaria à paixão!
Mulher-donzela entre colunas,
pisos, paredes de mármore,
pés em tapetes macios...
a sonhar em meio à beleza

vivendo em MonSerrate,

o amor de um homem verdadeiro

haveria de encontrar.

Ai, quem me dera!...

Autores

Ademir Demarchi Adriana Pessolato Adília Lopes Afobório Agustín Ubeda Alan Kenny Alberto Bresciani Alberto da Cunha Melo Aldo Votto Alejandra Pizarnik Alessandro Miranda Alexei Bueno Alexis Pomerantzeff Ali Ahmad Said Asbar Almandrade Alyssa Monks Amadeu Ferreira Ana Cristina Cesar Ana Paula Guimarães Andrew Simpson Anthony Thwaite Antonio Brasileiro Antonio Cisneros Antonio Gamoneda Antonio Romane António Nobre Ari Candido Fernandes Ari Cândido Aristides Klafke Arnaldo Xavier Atsuro Riley Aurélio de Oliveira Banksy Bertolt Brecht Bo Mathorne Bob Dylan Bruno Tolentino Calabrone Camila Alencar Carey Clarke Carla Andrade Carlos Barbosa Carlos Bonfá Carlos Drummond de Andrade Carlos Eugênio Junqueira Ayres Carlos Pena Filho Carol Ann Duffy Carolyn Crawford Cassiano Ricardo Cecília Meireles Celso de Alencar Cesar Cruz Charles Bukowski Chico Buarque de Hollanda Chico Buarque de Hollanda and Paulo Pontes Claudia Roquette-Pinto Constantine Cavafy Conteúdos Cornelius Eady Cruz e Souza Cyro de Mattos Cândido Rolim Dantas Mota David Butler Denise Freitas Desmond O’Grady Dimitris Lyacos Dino Valls Dom e Ravel Donald Teskey Donizete Galvão Donna Acheson-Juillet Dorival Fontana Dylan Thomas Décio Pignatari Edgar Allan Poe Edson Bueno de Camargo Eduardo Miranda Eduardo Sarno Eduvier Fuentes Fernández Elaine Garvey Elizabeth Bishop Enio Squeff Ernest Descals Eugénio de Andrade Evgen Bavcar Fernando Pessoa Fernando Portela Ferreira Gullar Firmino Rocha Francisco Niebro George Callaghan George Garrett Gey Espinheira Gherashim Luca Gil Scott-Heron Gilberto Nable Glauco Vilas Boas Gonçalves Dias Grant Wood Gregório de Matos Guilherme de Almeida Hamilton Faria Henri Matisse Henrique Augusto Chaudon Henry Vaughan Hilda Hilst Hughie O'Donoghue Husam Rabahia Ian Iqbal Rashid Ingeborg Bachmann Issa Touma Italo Ramos Itamar Assumpção Iulian Boldea Ivan Donn Carswell Ivan Justen Santana Ivan Titor Ivana Arruda Leite Izacyl Guimarães Ferreira Jacek Yerka Jack Butler Yeats Jackson Pollock Jacob Pinheiro Goldberg Jacques Roumain James Joyce James Merril James Wright Jan Nepomuk Neruda Jason Yarmosky Jeanette Rozsas Jim McDonald Joan Maragall i Gorina Joaquim Cardozo Joe Fenton John Doherty John Steuart Curry John Updike John Yeats Josep Daústin José Carlos de Souza José Geraldo de Barros Martins José Inácio Vieira de Melo José Miranda Filho José Paulo Paes José Ricardo Nunes José Saramago José de Almada-Negreiros João Cabral de Melo Neto João Guimarães Rosa João Werner Junqueira Ayres Kerry Shawn Keys Konstanty Ildefons Galczynski Kurt Weill Leonardo André Elwing Goldberg Lluís Llach I Grande Lou Reed Luis Serguilha Luiz Otávio Oliani Luiz Roberto Guedes Luther Lebtag Léon Laleau Lêdo Ivo Magnhild Opdol Manoel de Barros Marco Rheis Marcos Rey Mari Khnkoyan Maria do Rosário Pedreira Marina Abramović Marina Alexiou Mario Benedetti Mario Quintana Mariângela de Almeida Marly Agostini Franzin Marta Penter Marçal Aquino Masaoka Shiki Maser Matilde Damele Matthias Johannessen Michael Palmer Miguel Torga Mira Schendel Moacir Amâncio Mr. Mead Murilo Carvalho Murilo Mendes Márcio-André Mário Chamie Mário Faustino Mário de Andrade Mário de Sá-Carneiro Nadir Afonso Nuala Ní Chonchuír Nuala Ní Dhomhnaill Nâzım Hikmet Odd Nerdrum Orides Fontela Orlando Gibbons Orlando Teruz Oscar Niemeyer Osip Mandelstam Oswald de Andrade Pablo Neruda Pablo Picasso Patativa do Assaré Paul Funge Paul Henry Paulo Afonso da Silva Pinto Paulo Cancela de Abreu Paulo Henriques Britto Paulo Leminski Pedro Du Bois Pedro Lemebel Pete Doherty Petya Stoykova Dubarova Pink Floyd Plínio de Aguiar Pádraig Mac Piarais Qi Baishi Rafael Mantovani Ragnar Lagerbald Raquel Naveira Raul Bopp Regina Alonso Renato Borgomoni Renato Rezende Renato de Almeida Martins Ricardo Portugal Ricardo Primo Portugal Ronald Augusto Roniwalter Jatobá Rowena Dring Rui Carvalho Homem Rui Lage Ruy Belo Ruy Espinheira Filho Ruzbihan al-Shirazi Régis Bonvicino Salvado Dalí Sandra Ciccone Ginez Santiago de Novais Saúl Dias Scott Scheidly Seamus Heaney Sebastian Guerrini Sebastià Alzamora Shahram Karimi Shorsha Sullivan Sigitas Parulskis Silvio Fiorani Smokey Robinson Sohrab Sepehri Sophia de Mello Breyner Andresen Souzalopes Susana Thénon Susie Hervatin Suzana Cano Sílvio Ferreira Leite Sílvio Fiorani The Yes Men Thom Gunn Tim Burton Tomasz Bagiński Torquato Neto Túlia Lopes Vagner Barbosa Val Byrne Valdomiro Santana Vera Lúcia de Oliveira Vicente Werner y Sanchez Victor Giudice Vieira da Silva Vinícius de Moraes W. B. Yeats W.H. Auden Walt Disney Walter Frederick Osborne William Kentridge Willian Blake Wladimir Augusto Yves Bonnefoy Zdzisław Beksiński Zé Rodrix Álvaro de Campos Éle Semog